Comumente contestado por candidatos em época de campanha, o Muro da Mauá ganhou especial relevância na eleição em Porto Alegre. Em relatório apresentado em junho, a prefeitura constatou que o paredão foi o único dos quatro grandes equipamentos que não apresentou falhas na enchente de 2024, diferentemente das casas de bombas, dos diques e das comportas, focos de problemas que redundaram na inundação.
Em paralelo, está em análise a substituição da barreira por outro sistema, que consta no projeto de concessão do Cais Mauá à iniciativa privada, conduzida pelo governo do Estado. Entre os principais candidatos à prefeitura da Capital, dois se mostram favoráveis à medida, com ponderações, enquanto duas concorrentes rejeitam essa providência.
A troca do Muro da Mauá por outro sistema de contenção de enchentes é o tema da primeira reportagem da série Vida Real, na qual os postulantes à prefeitura foram convidados a responder, de forma sucinta, a respeito de temas que impactam diretamente no cotidiano dos porto-alegrenses.
Inaugurado em 1974, o muro tem 2,6 quilômetros de extensão e separa a Avenida Mauá dos armazéns do cais e do Guaíba. Nas últimas décadas, tem sido alvo de críticas e, por diversas vezes, teve a demolição sugerida por prefeitos, vereadores e outros atores políticos.
A posição do futuro prefeito tem o condão de influenciar o andamento da proposta de concessão da área do cais, apresentada recentemente pelo governo estadual. No edital, consta a previsão de que o paredão seja derrubado e seja instalado um novo sistema de proteção, composto por dois mecanismos — um fixo e outro móvel.
O equipamento fixo teria 1m26cm e seria construído em formato de arquibancada, entre a margem do Guaíba e os armazéns, e serviria de espaço de lazer no cotidiano, como ocorre nas arquibancadas no trecho 1 da Orla.
A segunda parte seria instalada temporariamente em momentos de cheia, com tubos infláveis ou diques móveis, na altura de pelo menos 1m74cm. Dessa maneira, as duas barreiras somadas atingiriam os três metros de contenção cobertos pelo muro atual.
O projeto da concessão ficou em suspenso depois da enchente. A assinatura do contrato com o consórcio Pulsa RS, que venceu o leilão, ainda não aconteceu em razão da calamidade e ainda não tem nova data prevista.
De acordo com a Secretaria da Reconstrução Gaúcha, tanto o novo sistema de contenção de cheias quanto outros itens do projeto estão sendo reavaliados.
"A análise da possibilidade de retirada do muro só ocorrerá após a implementação desse sistema contra cheias, com a aprovação dos órgãos competentes, que devem avaliar a efetividade das barreiras de contenção", diz a pasta estadual.
O (A) senhor (a) é favor ou contra a substituição do Muro da Mauá por outro sistema de contenção de cheias?
Veja as respostas dos candidatos, em ordem alfabética:
Felipe Camozzato (Novo) - A favor
Sou a favor, desde que garanta igual ou superior proteção, porque precisamos ter uma barreira física ali. Agora, o problema que tivemos é que o muro foi insuficiente. A água entrou por baixo, pelas casas de bombas e pelo sistema de drenagem. O muro virou mais objeto de discussão política e ideológica do que um sistema de proteção. A cota do lado de fora estava igual à cota de dentro da cidade.
Juliana Brizola (PDT) - Contra
Não sou pela substituição, pelo menos não nesse momento. Não entendo que seja necessário porque o muro cumpriu seu papel. O que não cumpriu seu papel foram outras questões, como as comportas e as casas de bombas. Não que alguns estudos não possam vir comprovando a segurança desse tipo de mudança, mas requer bastante investimento essa mudança.
Maria do Rosário (PT) - Contra
Sou contra. No atual momento eu acredito que nós precisamos do muro, ele demonstrou objetivamente que protege a cidade. No entanto, a falta de manutenção das comportas comprometeu a própria efetividade do muro. Então ele sozinho não tem a eficiência que tem quando a manutenção do sistema é feita e as casas de bombas e as comportas estão funcionando.
Sebastião Melo (MDB) - A favor
Se ele for mais seguro do que o que está aí, eu topo. Mas jamais deixar de ter um sistema de segurança e de proteção de cheias. Se for para sair o muro, só se a engenharia provar que tem um sistema melhor. Esse assunto não está em discussão, ele voltará a ser discutido na concessão do Cais Mauá. Sou favorável (à substituição), mas só se tiver segurança tanto quanto tem com o Muro da Mauá.