O Muro da Mauá, que nesta quarta-feira (27) impede o avanço da água do Guaíba sobre o centro de Porto Alegre, deve ser derrubado no processo de revitalização do Cais Mauá. A previsão é de que, em seu lugar, seja erguido um novo sistema de proteção contra enchentes (veja o projeto no infográfico abaixo). A derrubada da atual estrutura está prevista no edital de concessão do Cais Mauá para a iniciativa privada — publicado pelo governo do Estado dia 18 de setembro e com leilão previsto para 21 de dezembro.
O Muro da Mauá, construído entre 1971 e 1974, integra o chamado Sistema de Proteção Contra Cheias, que conta com 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 19 casas de bombas. É um dique fixo, em concreto armado, que se estende por 2,3 quilômetros entre a doca próxima da estação do Trensurb, na Rodoviária, e a Usina do Gasômetro. O muro atual tem três metros de altura — projetados para conter inundação até 1m26cm acima do registrado na histórica enchente de 1941 — e outros três metros de construção subterrânea.
O nível do Guaíba atingiu 3m17cm perto das 11h30min desta quarta-feira (27) no Cais, marca que representa 17 centímetros acima da cota de inundação. A informação foi divulgada pela Defesa Civil de Porto Alegre junto à Sala de Situação do Governo do Estado. Sacos de areia estão sendo colocados em frente aos portões do Cais na tentativa de impedir o avanço da água, que chegou até a Avenida Mauá, no Centro Histórico.
O sistema de proteção contra enchentes que deverá substituir o muro é composto por dois mecanismos – um fixo e outro removível.
O primeiro deles é um piso elevado em 1m26cm, em formato de arquibancada, que se estenderia ao longo da maior parte do Cais, entre a margem do Guaíba e os armazéns. No dia a dia, esse piso elevado serviria de espaço de lazer e deslocamento de pedestres, integrando-se ao projeto urbanístico. Em caso de cheia, garantiria uma contenção da água até a altura de 1m26cm.
O segundo mecanismo seria instalado temporariamente sobre o piso elevado, em situações críticas de elevação das águas. Esta segunda camada de proteção poderia ser feita com tubos infláveis ou com diques móveis. O edital apresenta quatro soluções técnicas possíveis, chamadas de Aquadam, Aquabarrier, Aquafence e Inero (entenda cada uma delas no infográfico abaixo). Independentemente da tecnologia temporária adotada, deverá ter ao menos 1m74cm para que, somada à elevação do piso, garanta os mesmos três metros de contenção do atual Muro da Mauá.
Os detalhes estão presentes em diversos documentos do edital de concessão do Cais, entre eles o “Estudo de viabilidade técnica para substituição de proteção contra enchentes no Cais Mauá´”. Este documento destaca que o Muro da Mauá só poderá ser derrubado após os novos sistemas serem testados.
“Ressalte-se que o descomissionamento (retirada) do dique fixo de concreto (Muro da Mauá), bem como seu consequente desmonte, somente poderá ser feito após a construção do passeio que é a base do dique móvel e após uma primeira montagem pública demonstrativa do dique móvel. Ou seja, o descomissionamento do Muro da Mauá exige previamente a implantação e testagem completa da nova estrutura”, diz trecho do documento.
— O principal benefício do novo sistema de proteção é que ele estará próximo da beira do Guaíba, então continuará protegendo o Centro, mas protegerá também o próprio Cais, a área das docas e dos armazéns, que hoje estão desprotegidos. Além disso, não precisará fechar comportas — destacou o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi.