Mesmo de vida curta, como um cafezinho tomado no balcão, o Café Rian marcou época na Rua da Praia, em Porto Alegre. Em setembro de 1964, abriu no térreo do Edifício Santa Cruz, gigante que ainda estava em obras. Pela localização privilegiada, virou ponto de encontro no agitado Centro Histórico.
Como outros cafés, atraiu clientes que discutiam os temas da cidade, política e futebol. Muito comum também a concentração de gente em frente, observando a movimentação na calçada e, depois, no calçadão da Rua dos Andradas (popular Rua da Praia). Além do café, foi restaurante e lanchonete. Os clientes eram atendidos pelas garçonetes no balcão. O Rian é considerado um dos primeiros estabelecimentos de fast food da cidade, inspirados no modelo dos Estados Unidos.
O Café Rian fechou em fevereiro de 1976. Em Zero Hora, Luis Fernando Verissimo lamentou o encerramento das atividades em "uma cidade conservadora que não conserva nada". Mesmo assim, em tom crítico, classificou o estabelecimento como "uma superlanchonete, tão fria e sem encanto quanto todas as lanchonetes".
Verissimo escreveu que "era uma superlanchonete, certo, mas era um hábito, e quem mexe com os nossos hábitos nos tira do prumo". Ele também citou que a causa do fechamento seria a "má frequência, a decadência da Rua da Praia como ponto de encontro dos melhores cidadãos."
No vídeo publicado no topo da coluna, você pode ver imagens internas e externas do local na década de 1960. O espaço do antigo café é ocupado hoje pela Farmácia Panvel. A cozinha virou depósito do Edifício Santa Cruz, que é o mais alto de Porto Alegre desde a década de 1960.