O Plaza São Rafael foi construído para mudar o padrão de hospedagem em Porto Alegre. Em abril de 1973, depois de quatro anos em obras, o empreendimento abriu as portas. Nas décadas seguintes, cumpriu a missão de ser o mais luxuoso da cidade, recebendo autoridades e celebridades. Na suíte presidencial, hospedou de Emílio Garrastazu Médici a Dilma Rousseff.
A família Schmidt já era responsável pelo Plaza Hotel desde a inauguração, em 1958. O empresário João Ernesto Schmidt construiu o Plazinha, junto à Praça Otávio Rocha, em parceria com A.J. Renner. O prédio seria de escritórios, mas foi convertido em hotel durante as obras, por sugestão do construtor, que percebeu a falta de quartos para hospedagem na cidade.
Ao lado dos filhos Henrique Frederico e Victor Ernesto, também fundadores da Rede Plaza de Hotéis, João Ernesto topou, dez anos depois, o desafio de abrir o hotel mais moderno do Rio Grande do Sul. Lançou a pedra fundamental do Plaza São Rafael em 1968, na Avenida Alberto Bins, a antiga Rua São Rafael. No vídeo acima, podemos ver o terreno pronto para receber o edifício de 18 pavimentos. O terreno era ocupado antes pelo antigo prédio do Colégio Farroupilha. A construção fez parte de programa de incentivo do governo federal ao turismo.
A inauguração ocorreu na noite de 6 de abril de 1973, mas a abertura foi na semana seguinte. Ele era o sexto hotel cinco estrelas, de classe internacional, no Brasil. O Plaza São Rafael foi dividido em apartamentos, suítes e a grande suíte presidencial, ainda disponível, que tem dois banheiros, lavabo, dois quartos, sala de estar e sala jantar.
O novo hotel oferecia inicialmente 213 quartos, recebendo outras 70 unidades mais tarde. Todos já eram climatizados, com aparelhos telefônicos e sistema de som de quatro canais. No aparelho ao lado da cama, o hóspede podia escolher entre dois canais de música de fita (uma calma e outra agitada) e outros dois sintonizados em rádios. Na reportagem de Zero Hora na época, destacaram que era possível escolher entre televisão colorida ou em preto e branco.
O restaurante internacional Le Bon Gourmet trouxe chefs estrangeiros. O bar temático, ao estilo Velho Oeste, e a churrascaria Capitão Rodrigo completavam as atrações gastronômicas, abertas também para quem não estava hospedado.
O diretor-presidente Rede Plaza de Hotéis, Carlos Henrique Schmidt, é a terceira geração da família na empresa. Questionado sobre quais são as hospedagens mais complexas, cita a passagem dos popstars, devido à tentativa de aproximação dos fãs.
Na lista de exigências dos hóspedes famosos, muitas curiosidades. O cantor Roberto Carlos não queria nenhum móvel na cor marrom. Com secretária e camareira particulares, dispensava a entrada de funcionários do hotel no quarto. A apresentadora Xuxa exigia o quarto geladíssimo. O cantor norte-americano Stevie Wonder queria todas as toalhas de uma única cor. Maria Bethânia pedia uma mesa de frutas frescas no quarto, que precisava estar escuro, sem qualquer luz da janela.
Outro episódio recordado por Carlos Henrique envolveu o cantor espanhol Julio Iglesias, que ficou irritado com um fotógrafo. Ele não permitia fotos de um dos lados do rosto. Na churrascaria do hotel, quando percebeu que o profissional fotografou o lado proibido, chamou a segurança e exigiu o negativo.
Nos 50 anos do Plaza São Rafael, o momento mais tenso foi na noite de 7 de julho de 1994, depois que um táxi invadiu o hall. Três criminosos que fugiram do Presídio Central estavam com reféns no carro. Depois de 15 horas de negociação, se renderam. Nenhum hóspede ficou ferido. Um garçom ficou ferido em troca de tiros.
O Plaza São Rafael Hotel chega aos 50 anos com 180 quartos em operação. Em uma parte, quartos foram transformados em espaço de coworking, o Plaza Hub.