Um ano e dois meses depois da tentativa frustrada de leilão de concessão do Cais Mauá, o governo do Estado conseguiu angariar apenas um interessado na revitalização dos armazéns tombados. O consórcio Pulsa RS, formado pelas empresas Spar Participações e Desenvolvimento Imobiliário e Credlar Empreendimentos Imobiliários, foi considerado apto e teve sua proposta validada no processo.
Ele aceita receber o que o governo do Estado se propôs a pagar pelas obras necessárias - R$ 144,88 milhões. Porém, antes de ser considerado vencedor, o empreendedor precisa ainda ter sua documentação analisada e validada pela comissão julgadora.
Mais empresas manifestaram interesse em participar da disputa, mas apenas um investidor confirmou proposta. Mas por que elas não se apresentaram?
Um interessado, que não teve seu nome divulgado pela Central de Licitações do Estado, pediu a impugnação do edital. Dentre os questionamentos feitos foi manifestada a dificuldade de acesso ao Cais Mauá, unicamente pelo pórtico central, edificação tombada pelo patrimônio histórico.
Além disso, o empreendedor manifestou a falta de estudos mais detalhados sobre o novo sistema de proteção contra as cheias que só em 2023 registrou duas inundações.
Se o governo tivesse alterado a data do leilão, como já havia feito anteriormente, poderia ter recebido mais interessados. Qual era a pressa, então?
Sobre os questionamentos, a comissão de licitação explicou que o vencedor poderá apresentar novos projetos para melhorar o acesso, que serão avaliados. Com relação ao sistema de proteção contras as cheias, reconhece que os estudos não consideraram as cheias mais recentes.
Mas destaca que foram levados em consideração a série histórica, desde 1899 a 2020, além de considerar projeções futuras, "não sendo cabível afirmar de forma generalizada que os estudos são 'insuficientes tecnicamente'”. O governador Eduardo Leite garante que o leilão foi exitoso, mesmo com um só interessado.
- Houve o ofertante. Houve muitos interessados, mas alguns apostaram que não iria dar certo - avalia Leite.
Na mesma linha, o secretário estadual de Parcerias e Concessões ressalta que nada foi feito de forma precipitada. "Tudo o que está ali (no edital), foi pensado com muita calma", destacou Pedro Capeluppi.