Restou frustrada a primeira tentativa do governo do Estado em realizar o novo leilão de concessão do Cais Mauá. Entre 9h e 12h, a B3 - bolsa de valores brasileira - esteve aberta para o recebimento das propostas das empresas interessadas.
Ninguém compareceu. Dessa forma, o leilão foi considerado deserto. O leilão estava agendado para 12 de dezembro. Agora, o processo está suspenso.
Já de posse dessa informação, o governo do Estado irá se reunir para avaliar as propostas e ouvir os interessados. O leilão deverá ser relançado em 2023.
- (Vamos) aguardar um melhor momento no início do ano que vem e avaliar a necessidade de alguma alteração no modelo. Conversar com os interessados para entender se é só a questão macroeconômica ou se tem algo que possa ser alterado no projeto - avalia o secretário executivo de Parcerias do Rio Grande do Sul, Marcelo Spilki.
O governo vinha recebendo consultas ao projeto. Pedidos de esclarecimentos foram respondidos. Inclusive, o leilão teve a data alterada em duas ocasiões. Um empresário chegou a pedir um terceiro adiamento, que não foi atendido pela comissão de licitação.
- Havia muito engajamento de algumas empresas. Acabaram se retraindo pelas condições econômicas. Temos confiança que o projeto é muito bom e que ano que vem teremos sucesso - projeta spilki.
Expectativa para o leilão
Em agosto, dois eventos foram realizados em São Paulo e Porto Alegre e reuniram possíveis investidores. Aproximadamente 20 empresas mandaram representantes para conhecer os projetos.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Consórcio Revitaliza - responsáveis pela montagem do edital - projetavam um investimento total de R$ 354,7 milhões, além de R$ 20,5 milhões anuais para a manutenção das áreas.
O Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) do projeto de revitalização do Cais Mauá já foi aprovado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre (CMDUA). Por causa disso, as primeiras intervenções já eram projetadas para serem entregues ainda em 2023.
Terreno das docas
Pela modelagem proposta, os três terrenos das docas, avaliados em R$ 145 milhões, seriam utilizados como contrapartida pela realização das obras previstas nos armazéns, além da operação e manutenção na área da concessão ao longo de 30 anos. Já a área das docas receberia torres residenciais e empresariais de até 150 metros de altura.
Questionamento do MPC
O procurador Geraldo Da Camino chegou a pedir ao Tribunal de Contas do Estado a abertura de uma auditoria. O objetivo é avaliar o valor sugerido de venda do terreno das docas do Cais Mauá. Ao citar o potencial construtivo na região, fazendo um paralelo com projetos do 4º Distrito, Da Camino alerta que a projeção pode estar abaixo do patamar justo de mercado.
As intervenções
Sobre o muro da Mauá, o consórcio Revitaliza apresentou quatro soluções técnicas possíveis. Se alguma delas for adotada, será possível destruir a estrutura de concreto que foi construída por causa da enchente de 1941.
Ao longo da Avenida Mauá será construído um bulevar. Também haverá qualificação do passeio público, revitalização dos armazéns, do prédio do antigo frigorífico, da Praça Edgar Schneider e a urbanização da orla do cais.
Estão confirmados no projeto uma torre comercial perto da Estação Rodoviária e edifícios escalonados. As obras deverão levar 36 meses até a conclusão.
Sobre o Embarcadero, o edital prevê que o novo administrador do Cais negociará com a gestão do atual projeto sobre o futuro desta área que envolve o trecho entre a Usina do Gasômetro e o armazém A7.
O Cais
O Cais foi inaugurado em 1921. As atividades portuárias foram encerradas em 2005. Concedido para exploração privada em 2010, teve sua área, de mais de 180 mil metros quadrados, fechada para livre circulação do público desde então.