É ponto pacífico entre os porto-alegrenses que os armazéns do Cais precisam ser revitalizados. Já há até aceitação sobre a derrubada do polêmico muro da Mauá, desde que o sistema de proteção de cheias seja mantido.
Porém, o que a proposta de concessão ainda recebe de reclamações é referente aos três terrenos, de propriedade do governo do Estado, e que serão repassados para a iniciativa privada.
Em 2010, quando o consórcio Porto Cais Mauá foi contratado, os terrenos das docas receberiam torres comerciais e hotéis. Mas, ao final de 50 anos, eles seriam devolvidos para o Estado. Agora, no novo projeto, a área permanecerá privada.
Quando o novo edital estava sendo montado, numa primeira análise, os terrenos só seriam transferidos ao vencedor do leilão após a realização de todas as intervenções nos 11 armazéns e no entorno da Usina do Gasômetro. Mas, nas últimas revisões, foi definido que ocorrerá um escalonamento de liberação de áreas conforme a realização de obras.
Sem estes terrenos, o governo do Estado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Consórcio Revitaliza - responsáveis pela montagem do edital - acreditam que não haveria interesse no leilão que se avizinha. Aliás, esse é o grande diferencial da última vez que a área foi arrendada.
- A transferência das docas é o que nos faz acreditar no projeto. Hoje, não há interesse do setor privado nas docas. Mas nós construímos um projeto para a área. A transferência de propriedade das docas é que garante que o Estado não precisará investir um centavo na revitalização - analisa o gerente do projeto pelo consórcio Revitaliza, João Lauro da Matta.
Avaliados em R$ 144,9 milhões, os três terrenos das docas são, atualmente, um bom cenário para filme de suspense. No local, há prédios abandonados. Um deles é o antigo frigorífico do Porto, construído em 1935, e que armazenou alimentos e bebidas que abasteciam o comércio da cidade. O muro da Mauá esconde, inclusive, uma praça com esculturas e chafariz.
Nos três terrenos, há previsão de que 70% da área será residencial e 30% corporativa. A sugestão é que o frigorífico vire um centro cultural, museu ou espaço multiuso.
Os investimentos previstos na área dos armazéns são de R$ 354,7 milhões. O contrato terá duração de 30 anos. As primeiras intervenções já deverão ser percebidas em 2023.