Uma área verde com chafariz e esculturas à beira do Guaíba atrairia o olhar de qualquer visitante na área central de Porto Alegre. No entanto, escondida atrás dos trilhos do trensurb e do Muro da Mauá, a Praça Edgar Schneider se deteriora enquanto se mantém o imbróglio da revitalização do Cais Mauá.
Um destaque do local é a escultura As Moças da Fonte, do alemão radicado em Porto Alegre Alfred Hubert Adloff, considerado um dos mais importantes artistas da cidade no início do século passado. Apesar da beleza e tranquilidade do local, a falta de cuidado chama atenção. As árvores mostram sinais de falta de poda e as esculturas têm uma camada de poeira e sujeira. Além disso, o mato alto dificulta até a locomoção. Os pequenos muros onde os visitantes sentavam estão em ruínas. As pedras portuguesas já não são mais encontradas e apenas os meios-fios quase escondidos no mato indicam que ali havia uma calçada.
Criada nos anos 1930, a praça se tornou um reduto de descanso para portuários e caminhoneiros que trabalhavam nas imediações do Cais Mauá, junto ao antigo frigorífico ali localizado. Um chafariz com água potável ficava aberto à população. Crianças aproveitavam o gramado para jogar futebol e acompanhar a passagem dos navios que atracavam no local. A praça foi batizada em homenagem ao ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) da década de 1940 e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado Edgar Schneider.
Após a enchente de 1941, a prefeitura de Porto Alegre começou a trabalhar na construção do Muro da Mauá. A praça ficou acessível ao público até o final da década de 1970, quando iniciaram os trabalhos para a implementação do trensurb. Desde então, atrás dos trilhos do trem e da barreira de concreto do Muro da Mauá, o local está sob administração do Estado.
— Me criei nessa área. Desde criança, eu vinha pra cá. Lembro que quando a gente era criança, com seis anos, sete anos, o pai tirava serviço. Eu lembro que a praça já existia na época. A gente jogava futebol ali. O trem passava com cargas, o navio chegando. O pessoal chegava e parava ali pra passar o tempo — disse Obirajara Freitas, 59 anos, que é filho de um ex-funcionário do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais e que também trabalha no local.
Impasse na concessão do Cais atrasa revitalização
Após a concessão do Cais Mauá, a Praça Edgar Schneider voltou à pauta. A empresa Cais Mauá do Brasil chegou a informar que o espaço seria revitalizado, tornando-se novamente um local aberto para visitas. Torres comerciais seriam construídas junto à praça em contrapartida.
Entretanto, a dificuldade no andamento das obras da região do Cais Mauá incomodou o governo do Estado. Em maio de 2019, o governador Eduardo Leite decidiu rescindir o contrato com a empresa Cais Mauá do Brasil. Sobre melhorias na área, o Piratini informou que o tema está sendo tratado, mas não há previsão de intervenções no local.