A empolgação é evidente. O governo do Estado acredita que, enfim, o Cais Mauá terá um novo futuro. Porém, há três pontos que podem frustrar a nova tentativa: curto espaço para execução da revitalização dos armazéns, obras viárias que costumam ser caras e poucos acessos à área das docas.
Desde que rompeu o contrato existente, em maio de 2019, o Palácio Piratini apostou suas fichas nesta nova proposta, que poderá destravar a revitalização dos armazéns às margens do Guaíba. A última tentativa de repassar a área para a iniciativa privada restou frustrada, principalmente, pelo cenário de incertezas da economia e da política no Brasil, em dezembro do ano passado.
O governo reviu o novo edital. Buscou dar mais segurança aos investidores. Não há dúvidas de que a região tem grande potencial de geração de recursos. O Cais Embarcadero é a prova do interesse comercial na área. Mas isso poderá não ser suficiente.
O item que tem chamado a atenção é o curto espaço de tempo para reformar os 12 armazéns tombados pelo patrimônio histórico. As estruturas não contam com redes de esgoto, água, luz, energia e internet. Quem assumir as obras precisará manter as paredes, mas dar logística, acessibilidade e condições básicas de ocupação na região.
Para poder receber os três terrenos das docas, os investidores precisarão entregar a área dos armazéns pronta para uso, em menos de quatro anos. A revitalização de apenas um armazém do projeto Cais Embarcadero, por exemplo, durou um ano e meio, entre novembro de 2019 e maio de 2021.
Além disso, o vencedor do leilão, programado para ocorrer daqui a três meses, precisará realizar obras viárias na região, que costumam ter um nível considerável de investimentos.
Além das melhorias no tráfego, o investidor terá que solucionar o problema de acesso, na área do Cais que envolve o Trensurb. Um estudo de viabilidade permitiu a construção de três prédios de até 50 andares no local. Mas como garantir a circulação de veículos com pouquíssimos pontos de acessos a essas áreas?
Entre as estações Mercado e Rodoviária, não bastaria derrubar o muro da Avenida Mauá. Seria necessário rebaixar ou elevar o trem, um investimento milionário. O que o governo sugere é a construção de uma passagem - elevada ou subterrânea - na área próxima ao viaduto Júlio de Castilhos. O outro ponto mais próximo de entrada e saída de veículos só existe no pórtico central dos armazéns.
Vencerá o leilão quem ofertar o menor valor que precisará receber do Estado para realizar os investimentos necessários. O governo se dispõe a pagar R$ 144,9 milhões, valor dos três terrenos das docas.