Cada vez amadurece mais a ideia de que o trensurb, do jeito que está, não pode continuar. Não naquele trecho da Avenida Mauá, servindo como barreira entre o cais do porto e o restante da Capital.
Tanto a prefeitura quanto o governo do Estado querem que o futuro administrador do cais – ou seja, o grupo que vencer a licitação prevista para março de 2022 – fique responsável não apenas pela revitalização do espaço, mas também por obras que garantam uma integração total do porto com o Centro Histórico.
Quer dizer: além de uma alternativa para o Muro da Mauá – que pode ser trocado por uma estrutura móvel –, o edital também deve prever uma mudança drástica para aquele trecho do trensurb. As opções mais cogitadas, até agora, são duas: 1) enterrar a ferrovia, fazendo com que o trem passe por baixo da avenida, ou 2) encaixotar a linha do trensurb, entre a Rodoviária e o Mercado, construindo uma espécie de parque público em cima dela, com elevadores e passarelas conectando o cais ao outro lado da Mauá.
– Esses dois aspectos (o muro e o trensurb) serão necessariamente contemplados nos estudos. A ideia é tonar aquele ambiente (o Cais Mauá) mais permeável e mais acessível para a cidade – adianta Osmar Lima, chefe do Departamento de Estruturação de Projetos Imobiliários Públicos do BNDES.
O BNDES, vale lembrar, foi contratado pelo governo do Estado para formatar todo o modelo de concessão do Cais Mauá à iniciativa privada – é justamente esse modelo, elaborado a partir de estudos feitos por engenheiros, arquitetos, economistas e advogados, que vai embasar o edital de licitação.
– A questão do trensurb virou um ponto crucial na discussão. Porque algumas áreas do cais, que hoje ficam atrás da linha do trem, estão muito longe do portão de entrada (em frente à Avenida Sepúlveda). Fica difícil para as pessoas acessarem essas áreas – diz o secretário estadual de Parcerias, Leonardo Busatto.
Ele cita como exemplo a região das docas, perto da Rodoviária. Em troca da revitalização do Cais Mauá, o governo pretende transferir a posse dessa área – que não tem armazéns – para o vencedor da licitação, que poderá vendê-la para quem quiser: ou seja, ali serão erguidas torres comerciais ou até residenciais. Mas, com a ferrovia na frente, é preciso andar um quilômetro para poder sair do porto.
Fora isso, o entendimento geral é de que, com o acesso facilitado, o fluxo de pessoas seria maior em todas as regiões do cais – o que certamente seria bom para os negócios. Portanto, os gastos com a solução para o trensurb, no fim das contas, seriam fundamentais para o sucesso do próprio empreendimento.