Sete meses se passaram desde que as discussões sobre as obras do entorno da Arena do Grêmio são consideradas segredo de Justiça. Desde então, o silêncio impera e emperra.
As partes envolvidas não podem se manifestar. Mesmo assim, a coluna falou com integrantes do clube e da OAS para saber como andam as negociações.
Não há qualquer informação referente a avanço. Em maio de 2021, o Grêmio abriu diferentes auditorias para apurar aspectos legais, questões fiscais, contábeis e estruturais, além de manutenção do estádio. Sem a conclusão deste levantamento, o clube gaúcho não conseguiria antecipar a gestão da Arena como era o objetivo. Em dezembro elas ainda não tinham sido finalizadas. E permanecem neste mesmo status nos dias atuais.
De acordo com dois conselheiros do Grêmio ouvidos, que têm posições divergentes sobre a antecipação da gestão, o tema está em banho-maria por causa da OAS. Com o time envolvido na série B do campeonato Brasileiro, o Tricolor também não vê interesse em acelerar o debate. Aliás, um integrante da OAS que chegou a participar das articulações, faz exatamente essa ponderação e atribui a demora no desfecho na falta de interesse do Grêmio.
Outro sinal que o acordo está emperrado envolve a prefeitura de Porto Alegre. A OAS contratou uma empresa para realizar a limpeza em uma casa de bombas no bairro Humaitá. Essa era a primeira obra do entorno, que era de compromisso da construtora. Os trabalhos foram executados até julho. A OAS entende que ela foi finalizada. A prefeitura diz que ficou incompleta. A casa de bombas segue do mesmo jeito que estava e o Grêmio ainda não assumiu a gestão do estádio. Por isso, as demais intervenções no entorno não podem seguir adiante.
O que chama a atenção é a nova forma de atuação do Ministério Público Estadual. Por vários anos, os promotores sempre apresentaram divergências quando identificavam que havia problemas na negociação. A cada dia que passa, o acordo dá provas de que ruiu e o Ministério Público segue esperando que as partes se entendam.
O segredo
A decisão foi tomada em dezembro pela juíza Nadja Mara Zanella, da 10a Vara da Fazenda Pública, durante audiência pública entre as partes envolvidas. De acordo com informações colhidas pela coluna, o pedido - que foi coletivo - foi acatado pela magistrada.
Dez anos de Arena
Em 8 de dezembro de 2012, o Grêmio inaugurou a Arena em um amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha. O atual contrato com a OAS prevê 20 anos de exploração comercial pela construtora.
Sendo assim, a Arena Porto-Alegrense ainda administraria o estádio até dezembro de 2032. Porém, a antecipação da gestão por parte do Tricolor é vista como fundamental para que a construtora tenha dinheiro para conseguir concluir as obras do entorno do complexo esportivo que foi construído.
E o Olímpico
A antiga casa gremista será repassada para a construtora quando o clube assumir a gestão da Arena. Enquanto isso, a área segue intacta, à espera das definições.
O Olímpico está desocupado desde dezembro de 2014, quando deixou de receber os treinos do time titular. Entre 2020 e 2021, o pátio do estádio chegou a ser usado como estacionamento de ônibus da Carris.
Quando o terreno deixar de ter o Grêmio como dono, o que restou do estádio será demolido. O terreno do Olímpico será dividido em dois. Um lado receberá um condomínio residencial. O outro receberá um shopping center, que será construído pelo grupo Zaffari.