A delicada relação entre prefeitura de Porto Alegre, Grêmio e OAS ganhou mais um capítulo. E o movimento pode acabar dificultando o ato previsto para 7 de outubro, quando o Tricolor deverá assumir a gestão da Arena.
O impasse ocorreu em julho, e ainda não foi superado. De um lado está o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e de outro a construtora.
O motivo é a retomada das obras no entorno da Arena. Em maio iniciou a limpeza na Casa de Bombas número 5, que atende o bairro Vila Farrapos. Os trabalhos deveriam ser finalizados em agosto.
Também deveria ocorrer a desobstrução de 360 metros de tubulação que segue da Voluntários da Pátria até a Frederico Mentz. A OAS contratou uma empresa, que realizaria o serviço. Porém, o Dmae constatou que o serviço acordado foi realizado de forma parcial.
"No canal de expurgo da Ebap 5, por exemplo, fizeram a remoção superficial de vegetação, e não o que havia sido acordado de remoção de resíduos do leito, estimado em 400 m³", informa o departamento.
Em julho, a construtora foi notificada e o Dmae segue aguardando manifestação para que o serviço seja retomado. Procurada, a OAS diz apenas reconhecer que somente parte dos trabalhos foi realizado.
"Foi executado parte do escopo e está sendo avaliado o saldo da realização", diz a nota enviada pela empresa.
O que a coluna conseguiu apurar é que a construtora entende que fez a obra prevista no acordo. O Dmae entende que não.
Nova gestão da Arena ameaçada
Depois da realização desta obra, o próximo passo será o Grêmio assumir o controle da Arena. Porém, sem a comprovação de conclusão do primeiro item, os demais poderão ficar comprometidos. Se as partes envolvidas não chegarem num consenso, o caso deverá parar na Justiça.
Faltam 50 dias
A data máxima prevista para o Grêmio assumir a gestão da Arena é 7 de outubro. E as negociações entre as partes está em andamento. O clube gaúcho está realizando três auditorias. Quando o ato for confirmado, o Tricolor entrega as chaves do estádio Olímpico, o que está previsto para ocorrer daqui a 50 dias.
O Olímpico está desocupado desde dezembro de 2014, quando deixou de receber os treinos do time titular. Desde julho do ano passado, o pátio do estádio tem sido usado como estacionamento de ônibus da Carris.
Quando o terreno deixar de ter o Grêmio como dono, o que restou do estádio será demolido. O terreno do estádio Olímpico será dividido em dois. Um lado receberá um condomínio residencial. O outro receberá um shopping center, que será construído pelo grupo Zaffari.
O acordo
A segunda etapa das obras prevista é a duplicação da Avenida A.J. Renner, entre a Rua Dona Teodora e a Avenida Padre Leopoldo Brentano. Também deve ocorrer a construção de Estação de Bombeamento de Esgoto para atender todo o complexo da Arena, incluindo o estádio e os condomínios Liberdade I e Liberdade II, bem como futuras ocupações do entorno. Duas ciclovias estão previstas para a região, além da ampliação da Avenida Padre Leopoldo Brentano.
A OAS promete depositar em conta judicial R$ 12 milhões para o início das obras. Desse total, R$ 6 milhões serão usados pela prefeitura para realizar as remoções necessárias das famílias.
O Grêmio compromete-se a efetuar 60 pagamentos mensais que totalizarão R$ 42,44 milhões. Esse dinheiro virá do montante que o Tricolor já destina para a OAS. O clube paga hoje em torno de R$ 1,7 milhão por mês pelo espaço destinado aos sócios na Arena.
Esse valor deixa de ser pago à construtora e parte dele passa a ser destinado aos bancos envolvidos na construção do estádio. O montante que ainda precisará ser quitado é de aproximadamente R$ 200 milhões. Porém, os bancos irão cobrar R$ 113 milhões.
Desse total, R$ 53 milhões virão de um empréstimo que o Grêmio deverá tomar. Essa dívida será diluída em pagamentos mensais que ocorrerão ao longo de seis anos. Outros R$ 60 milhões virão da venda da área do estádio Olímpico. A OAS ainda receberá R$ 1,7 milhão por mês durante os seis anos posteriores a quitação do empréstimo.