Uma festa com um belo começo, cheia de cores, sons e marcada pela emoção não poderia ter um fim melancólico, com gosto e rosto de empate. Quando o 1 a 1 se encaminhava para levar os jogadores do Grêmio de volta ao túnel com a face da decepção, Marcelo Moreno recebeu passe por cobertura de Marquinhos, calibrou a mira, posicionou o corpo e garantiu, de perna esquerda, em um chute forte, potente, a primeira vitória do time na história do novo estádio.
Repetindo o placar da final do Mundial de Clubes de 1983, o Grêmio venceu o Hamburgo na inauguração da Arena, na noite deste sábado para domingo, por 2 a 1. Os gols foram marcados por André Lima, aos 9 minutos do primeiro tempo, e por Moreno, aos 42 da etapa final.
Dois gols de centroavantes, feitos por centroavantes, tipicamente de centroavantes. Foi como se os ares de Alcindo, André Catimba e Jardel soprassem diretamente do Olímpico e invadissem as cadeiras e a grama da mais moderna praça destinada ao futebol no Brasil, para o futebol brasileiro. Para o futebol do Grêmio.
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JOGO AO VIVO: Relembre os principais lances da partida
Primeiro tempo
Os dois primeiros lances efetivos de gol da história da Arena ocorreram logo no início do amistoso contra o Hamburgo. Aos dois minutos, Elano sofreu falta no lado direito da grande área. Na cobrança, Zé Roberto colocou e a bola saiu em escanteio. Aos sete, Leandro recebeu pela direita, invadiu a área e chutou no poste do goleiro Drobny.
Dois minutos depois, o primeiro grito de gol, a primeira avalanche, a primeira vez que a rede da Arena sentiu a bola estufá-la. O escanteio cobrado por Elano na ponta direita foi milimétrico, com a bola encontrando a cabeça de um bem posicionado e impulsionado André Lima, que saltou para colocar a estrear a rede da goleira posicionada em frente às torcidas organizadas do Grêmio - que, durante o primeiro tempo, promoveram episódios lamentáveis de violência, brigas e confusão, condenados pela maioria absoluta do público com fortes vaias.
O gol de André Lima entrou para a história exatamente às 22h49min deste sábado, 8 de dezembro de 2012. A torcida enlouqueceu, cantou mais alto, vibrou com mais força e transformou a Arena na proposta para a qual foi criada (pelo menos quando o assunto é bola rolando): em um caldeirão de três cores, capaz de trazer da Azenha ao Humaitá o espírito monumental do Olímpico.
O Grêmio foi melhor na etapa inicial. Teve mais consistência e insistência na busca pelo segundo gol. Seguiu a troca de passes que, quase sempre, encontrava Pará, Souza, Elano, Zé Roberto ou Leandro na ponta direita. Invariavelmente, na direita. Tanto que foi por esse lado que Souza entrou livre, cruzou forte e Elano, na marca do pênalti, concluiu para ampliar, mas sem sucesso. A bola desviou na zaga alemã e saiu em escanteio.
Por outro lado, o Hamburgo, mesmo com uma derrota parcial na conta, seguia organizado, triangulando pelo meio e buscando a ponta esquerda. Tanto que foi por aquele setor que Aogo arrematou cruzamento de Illicevic em cima da zaga gremista, aos 26. Dez minutos depois, Rudnevs perdeu - até então - o gol mais "feito" da breve história da Arena. Aogo cruzou e o atacante letão, cara a cara com Grohe, chutou para fora.
Sem acréscimos, Carlos Amarilla encerrou o primeiro tempo exatamente aos 45 minutos.
Segundo tempo
Grêmio e Hamburgo retornaram diferentes para a etapa final. Na equipe anfitriã, Tony, Marco Antonio, Léo Gago, Marquinhos e Marcelo Moreno entraram nos lugares de Pico, Zé Roberto, Fernando, Elano e André Lima, respectivamente. Com isso, Pará foi deslocado para o lado esquerdo, abrindo espaço para Tony na direita. No convidado da festa, Westermann e Son substituíram Aogo e Rudnevs.
Saíram os titulares, baixou a qualidade. Sem força, o Grêmio pouco atacou. Sofreu para acertar bons passes e pecou nas tentativas de lançamentos sem direção, não raras vezes a um Leandro participativo - e impedido.
Mais forte e melhor posicionado, o Hamburgo começou a tocar a bola cada vez mais frequentemente no campo de ataque. Tanto insistiu que chegou ao empate. Aos 25 minutos, Rincón cobrou escanteio, a zaga do Grêmio afastou e o zagueiro Westermann, que minutos antes havia arrematado para firme defesa de Grohe, chutou forte, de fora da área. A bola desviou em Marcelo Moreno e enganou o goleiro gremista: 1 a 1.
A falta mal cobrada por Léo Gago aos 39 minutos parecia ter tirado a esperança da torcida - e do próprio time. Mas, aos 42, Marquinhos recebeu passe de Saimon - que havia recuperado a posse no meio-campo - na entrada da área, dominou e assistiu Moreno, do outro lado. A bola atravessou a defesa alemã e encontrou o pé esquerdo do centroavante, que chutou firme, forte, sem chance para Drobny: 2 a 1.
Fim de festa na Arena. Aos 48 minutos, o árbitro paraguaio deu fim a uma estreia que começou com glamour e terminou com gols. Com vitória. Com a torcida cantando, comemorando e focada na esperança de que uma nova era começa para o Grêmio a partir deste 8 para 9 de dezembro.
FICHA TÉCNICA
Amistoso de inauguração da Arena do Grêmio - Porto Alegre, 8 de dezembro de 2012
GRÊMIO - 2
Marcelo Grohe; Pará, Werley, Naldo e Anderson Pico (Tony/intervalo); Fernando (Léo Gago/intervalo), Souza, Elano (Marquinhos/intervalo) e Zé Roberto (Marco Antonio/intervalo); Leandro e André Lima (Marcelo Moreno/intervalo). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
HAMBURGO - 1
Drobny; Bruma, Scharner Paul, Rajkovic (Arslan, 19'/2ºT) e Aogo (Westermann/intervalo); Sala, Rincon, Tesche (Diekmeier, 19'/2ºT), Ilicevic (Skeljbred, 36/2ºT); Berg, Rudnevs (Son/intervalo). Técnico: Thorsten Fink.
Gols: André Lima (Grêmio, 9'/1ºT); Westermann (Hamburgo, 25'/2ºT); Marcelo Moreno (Grêmio, 42'/2ºT)
Cartões amarelos: Illicevic, Tesche (Hamburgo); Saimon (Grêmio).
Cartões vermelhos: -
Arbitragem: Carlos Amarilla, César Franco e Milciades Saldívar (trio paraguaio).
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre
Estreia com vitória
Com gols de André Lima e Marcelo Moreno, Grêmio derrota o Hamburgo por 2 a 1 na inauguração da Arena
Centroavantes marcaram, respectivamente, aos 9 do primeiro tempo e aos 42 da etapa final
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