A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, a 25ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga o financiamento dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. São 34 mandados judiciais cumpridos. Entre os alvos estão dois moradores do Rio Grande do Sul, cujos nomes ainda não foram revelados. Um deles foi submetido a buscas e apreensões. O outro recebeu tornozeleira eletrônica, como medida alternativa à prisão, por envolvimento nas manifestações que resultaram em depredação de edifícios públicos em Brasília.
Os dois principais alvos da PF hoje são os empresários Adauto Lúcio Mesquita e Joveci Andrade, do Distrito Federal. Eles são sócios da Rede Melhor Atacadista e investigações apontam que financiaram os acampamentos em frente aos quartéis do Exército. Adauto também discursou, pedindo que manifestantes impedissem o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o cargo.
Conforme as investigações, os dois empresários contribuíram para o financiamento de carro de som e tendas no local. Em depoimento, Mesquita disse que doou R$ 10 mil para a campanha de Bolsonaro. Já seu sócio, Joveci, negou ter doado recursos. Os dois disseram que não fizeram doações ou contrataram trios elétricos, mas a quebra de sigilo de uma das empresas mostrou pagamento à representante do caminhão de som que foi contratado para ficar em frente ao QG do Exército em Brasília. Joveci também foi alvo porque participou dos atos antidemocráticos em 8 de janeiro.
O terceiro preso é Diogo Arthur Galvão, de Campinas (SP). Ele trabalha em uma empresa da família, no ramo de madeiras. Militante bolsonarista, ele apareceu num vídeo de convocação e transmitiu ao vivo a manifestação em Brasília em 8 de janeiro de 2023, publicando fotos de dentro dos prédios invadidos.
A Lesa Pátria já cumpriu cem mandados de prisão em suas 25 fases. A operação tem como objetivo identificar três núcleos de pessoas que participaram dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro: os executores da invasão e depredação das sedes dos três poderes, em Brasília, os incitadores e financiadores dos atos. Os empresários que foram alvos de mandados nesta quinta se encaixam no terceiro grupo.
Entre os alvos neste ano inteiro de investigações estão deputados estaduais, vereadores, empresários, fazendeiros, militares e influenciadores digitais. Todos os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que concentra na Corte a relatoria das ações sobre o 8 de janeiro.