A Polícia Civil teve um fim de semana de luxo, em termos de resultados. Vamos aos casos: agentes do Departamento de Homicídios, junto com colegas do Interior, encontraram o corpo de um empresário mineiro que foi assassinado em Santo Antônio da Patrulha. Como agora se sabe, ele veio tentar buscar veículos que tinha vendido para um comerciante gaúcho de carros usados. Encontrou a morte, possivelmente por um desacerto comercial. O que o leitor não sabe é que mistérios assim não são desvendados num passe de mágica. Foram nove dias de intensa investigação, com rastreamento de celulares e placas, observação de locais, trilhas no mato seguidas por cães (com ajuda decisiva da Brigada Militar e Corpo de Bombeiros), até a montagem do quebra-cabeças e o achado do cadáver - infelizmente, um resultado já esperado.
Outra situação envolveu policiais civis do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico. Eles rastrearam um esquema de tráfico na fronteira Brasil-Argentina, inclusive tirotearam com suspeitos, antes de apreender 193 quilos de maconha em Tiradentes do Sul, no noroeste do Estado. Foram dias de monitoramento, a partir de um telefonema ao Disque-Denúncia. A droga estava em um barco, que foi apreendido. Os mesmos policiais aproveitaram a ida para a região para checar outro esquema criminoso, envolvendo contrabando de armas. A suspeita é que um caminhão de mudanças, que costumava atravessar o Estado sem qualquer carga visível, na verdade conduzia arsenais. Os policiais rastrearam idas e vindas do veículo e o abordaram na rodovia, próximo a Ijuí, quando encontraram no compartimento de cargas (baú) 17 pistolas e dois fuzis. Os dois tripulantes foram presos. A suspeita é que o armamento tenha sido contrabandeado desde a Argentina, situada nas proximidades. Mais dois exemplos de investigações bem-sucedidas.
O terceiro caso eu acompanhei de perto. É o típico exemplo de colaboração entre autoridades de segurança, com final exitoso. O sábado foi marcado por uma emboscada na orla do Guaíba que resultou em oito pessoas baleadas, sendo que dois dos atingidos morreram. Poderia ter sido muito pior, já que o local visado pelos atiradores reunia centenas de frequentadores, numa festa improvisada ao ar livre.
A emboscada no lugar mais frequentado pela população de Porto Alegre acendeu alerta vermelho nas autoridades. A Guarda Municipal separou todos os vídeos das câmeras de segurança, a Brigada Militar mandou viaturas atrás dos suspeitos de participarem do atentado e a Polícia Civil se dedicou a analisar imagens e placas. Agentes do Departamento de Homicídios constataram, após olharem centenas de vídeos, que um dos veículos em fuga (uma caminhonete) foi multada próxima ao estádio Beira-Rio e correu para dentro do bairro Cruzeiro.
Pela placa os policiais descobriram que o veículo pertencia ao familiar de um rapaz envolvido em homicídios. Bingo! PMs do serviço reservado identificaram os locais frequentados pelo suspeito, descobriram que era uma região de bocas de fumo e, em conjunto, a BM e a Polícia Civil organizaram um cerco para vistoriar o local. Entraram na residência e encontraram os dois suspeitos de terem cometido o duplo assassinato. Eles são ligados a uma facção criminosa e ambos têm antecedentes por homicídios. Conforme os policiais, eles admitiram ter feito a emboscada na Orla. Com a dupla foram presas armas e drogas.
São vários episódios que ilustram como segurança pública exige muito trabalho, inteligência e suor. Em todos eles, a lei triunfou sobre os criminosos.