Eu e meus familiares somos frequentadores diários da orla do Guaíba, em Porto Alegre. Seja para caminhadas ou para passeios de bike. Assim como eu, milhares passam ali todos os dias para traçar um espetinho, um hamburguer, tomar uma cerveja ou simplesmente contemplar o pôr do sol mais famoso do Brasil. Só que esse ponto de lazer paradisíaco, o mais conhecido e popular da Capital, foi maculado por um tiroteio que deixou dois mortos e pelo menos cinco feridos, na madrugada deste sábado (10).
As investigações apontam que foi uma emboscada. Motoqueiros se aproximaram de um grupo de jovens e um deles disparou. Recebi um áudio que seria do momento do crime. Parecem rajadas. Mais de 30 tiros, caso seja confirmado. Um dos alvos morreu com um revólver na mão.
Seja confronto de gangues ou não, o certo é que o episódio não pode ficar impune. O poder público tem de agir rápido, tanto na resolução do duplo homicídio quanto na prevenção de outros. Revistas em busca de armas são importantes e a população terá que compreender isso, mesmo que incomode a quem nada deve.
O pior disso tudo é a possibilidade de que inocentes tenham sido atingidos a esmo. Sabemos que facções costumam usar táticas terroristas: uma delas é disparar contra grupos, mesmo que eles nada tenham a ver com a disputa de criminosos. É para mostrar a alguém que frequenta determinada região que as quadrilhas dominantes ali não conseguem prevenir atentados.
Isso acontece toda hora nos bairros periféricos de Porto Alegre. Mas na Orla é raro, até porque não é dominada por uma facção específica. Até bandido gosta de lazer (ou deveria). Urge reforçar o patrulhamento e esclarecer o sangrento episódio. Sob pena de que as multidões se afastem da paisagem mais aprazível da Capital. É provável que os sobreviventes do tiroteio tenham ideia de quem são os autores da emboscada.