O empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, 41 anos, cujo corpo foi encontrado no domingo (11) em Santo Antônio da Patrulha, no litoral norte do Estado, teria sido assassinado em razão de uma dívida de R$ 5 milhões. Conforme a investigação, Melo teria vindo ao Rio Grande do Sul para cobrar do parceiro comercial o dinheiro pela venda de veículos que havia enviado de Minas Gerais.
— Os carros não foram pagos pelo "sócio". Ele cometeu o crime pelo dinheiro, cerca de R$ 5 milhões. Os carros não foram localizados. Ainda vamos apurar um possível estelionato e até mesmo lavagem de dinheiro envolvendo o caso — disse a delegada Marcela Ehler, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo.
Nesta segunda-feira (12), a Polícia Civil gaúcha confirmou a prisão preventiva do parceiro comercial. O suspeito, identificado como Diego Gabriel da Silva, estava preso temporariamente desde 4 de junho — dois dias após Melo ter sido visto com vida pela última vez.
De acordo com a delegada, desde o registro do desparecimento a investigação foi reunindo informações por redes sociais da vítima, sinal do celular do empresário, além de câmeras de monitoramento que mostravam o deslocamento dele.
Em seguida, após ouvir o depoimento do suspeito, foram encontradas inconsistências na narrativa apresentada, disse Marcela. A investigação confirmou também que o parceiro havia comprado lona e duas pás, materiais que teriam sido usados para esconder o corpo de Melo.
— A partir daí fomos recolhendo vestígios, como as lonas compradas pelo "sócio", e com a ajuda de IGP (Instituto-Geral de Perícias), Corpo de Bombeiros e Brigada Militar, chegamos ao local onde o corpo estava.
Perícia do IGP apontou que o empresário foi morto com cerca de nove tiros. O corpo estava em um barranco próximo a um riacho, na área rural de Santo Antônio da Patrulha.
Além da prisão preventiva do suspeito, a polícia prendeu um homem apontado como comparsa dele. O nome deste segundo detido não foi divulgado.
Durante entrevista coletiva na manhã desta segunda, o diretor do Departamento Estadual de Homicídios, delegado Mario Souza, disse que os familiares estavam com uma mistura de tristeza e ao mesmo tempo de alívio após a localização do corpo de Melo.
— O caso era uma agulha no palheiro. Tínhamos um eixo de Novo Hamburgo até o noroeste do Estado. Esse era o campo de busca. Pelas modernas técnicas de investigação conseguimos delimitar a área para Santo Antônio da Patrulha — destacou Souza.
Relembre o caso
Nos últimos dias, 70 agentes participaram das buscas no litoral norte do Rio Grande do Sul, região onde o sinal telefônico do celular de Melo foi detectado pela última vez.
De acordo com investigação feita pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DPHPP), o empresário chegou ao Estado numa quinta-feira, 1º de junho, e se hospedou em um hotel de Novo Hamburgo, que estaria reservado até domingo, 4 de junho. No entanto, ele parou de responder mensagens de familiares por volta das 13h30min do dia 2.
Conforme a polícia, ele se deslocou em direção ao Litoral Norte, passando por Santo Antônio da Patrulha.
O empresário veio ao Rio Grande do Sul para resolver questões de trabalho. Ele teria negociado 44 carros com um parceiro comercial, mas, como não recebeu o dinheiro, decidiu vir ao Estado e levar 11 dos veículos de volta a Minas.
Antes de sumir, o mineiro chegou a mandar mensagem de áudio para a namorada, disse que estava desconfiado porque não estava achando os carros que tinha enviado ao RS.
Contraponto
A advogada Thais Rodrigues, que representa os dois presos, nega que eles tenham participação no desaparecimento. Em relação a Diego Gabriel da Silva afirma que ele "se declarou inocente de todas as imputações" e que "afirma que não possuía nenhuma desacordo comercial com a vítima". Em relação ao outro preso, argumenta que "este rapaz nunca realizou nenhum tipo de negócio com a vítima e também se declarou inocente".