A Justiça aceitou, na terça-feira (17), a denúncia do Ministério Público (MP) contra o padre Diego da Silva Correa no caso do estupro de vulnerável de uma menina de 10 anos em Guaíba, na Região Metropolitana. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), ainda não há previsão para o início da fase de instrução, e o processo segue em sigilo.
O homem está preso e também foi afastado das funções pela Igreja. Os próximos passos incluem a citação, ou seja comunicar o réu, e o prazo para estabelecer a defesa.
O MP ofereceu a denúncia com base nas investigações policiais ainda na semana passada, antes mesmo da conclusão do inquérito, remetido à Justiça na terça (17).
— O Ministério Público viu a necessidade de acelerar esse encaminhamento para haver o julgamento o mais rápido possível — declarou o delegado Fabiano Berdichevski, que responde pela Delegacia de Guaíba, em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (18).
De acordo com o MP, o promotor do caso, Rafael de Lima Riccardi, solicitou sigilo no processo para resguardar a privacidade da vítima, menor de idade.
O caso veio à tona após a criança ser vítima de maus-tratos pela mãe e ser encaminhada para a tutela de uma outra familiar. Foi essa parente que registrou na polícia um suposto abuso sexual relatado pela menina.
De acordo com testemunhas, o padre andava de carro sozinho com a criança, prática proibida pela Igreja, além de levar a menina para passar noites na casa paroquial.
— O padre negou as acusações. Apenas admitiu que tinha proximidade com a família da criança e que chegou a pagar material escolar, dava rancho, roupa e ajuda financeira — diz o delegado.
Como parte da investigação, a polícia fez buscas no local, onde foram encontrados dois pendrives com pornografia infantil.
— Esse material foi encaminhado para perícia e o conteúdo está sendo analisado para materialidade de provas — informou o delegado responsável pelo caso.
Em 28 de novembro, Correa foi preso em flagrante, mas acabou solto depois de passar por audiência de custódia. No mesmo dia do flagrante, a Arquidiocese de Porto Alegre afastou o padre de suas funções.
A notícia da detenção motivou uma outra jovem a registrar ocorrência de estupro de vulnerável. Segundo o relato, o caso aconteceu em 2020, em Porto Alegre, quando a vítima tinha 13 anos. Ela teria sido obrigada a fazer sexo oral com o padre.
O registro motivou abertura de nova investigação. Em 2021, ele já havia sido investigado por comportamento suspeito com crianças e adolescentes, mas não houve comprovação de crimes na época.
A partir dos elementos colhidos na investigação mais recente, a polícia de Guaíba pediu a prisão preventiva do padre. Ele foi preso em 9 de dezembro.
No caso da menina de Guaíba, a criança de 10 anos relatou que o padre acompanhava ela no banho e dormia de “conchinha”.
Contraponto
Zero Hora tenta contato com a defesa de Correa. O espaço está aberto para manifestações.