A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Refletir sobre o agronegócio brasileiro de hoje sem deixar de olhar para o de amanhã. Essa é a grande questão que tem sido levantada na quinta edição do Mosaico do Agronegócio, evento organizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) que se estende até esta sexta-feira (21), em Gramado.
Com expectativa de público de 500 pessoas, as palestras e os painéis giram em torno dos pilares de tecnologia e inovação, de mercado e sustentabilidade e de pessoas e gestão. De acordo com o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, a programação, que é gratuita, "é estratégica" para se pensar o presente e o futuro do setor.
— Procuramos reunir palestrantes e participantes que têm a capacidade de serem multiplicadores, formadores de opinião. Para que a gente pense o dia de hoje e saiba também quais são as tendências para que desde já possamos aos poucos ir nos posicionando no cenário local, nacional e internacional — justifica Condorelli.
Sobre a atualidade, o palestrante Paulo Pianez, que é economista e diretor de sustentabilidade e comunicação da Marfrig, defendeu como uma das necessidades do setor a de se preocupar com o que chamou de "trilha da sustentabilidade" do produto. Ou seja, da sustentabilidade desde o produtor, passando pela indústria, até o varejo e o consumidor.
— A decisão de compra até então era feita com base na qualidade do produto, se cabia no bolso e se era seguro. Agora, o atributo da sustentabilidade se agrega à decisão na hora de escolher o que levar para casa da gôndola do supermercado. As pessoas querem saber, se for uma carne, se houve preocupação com bem-estar daquele animal, por exemplo — diz.
Ainda de acordo com Pianez, já existem movimentos no mercado nesse sentido. O próprio varejo, ao reorganizar a posição de produtos in natura na entrada dos supermercados, é um exemplo. Outro, ele cita, é a Marfrig. No próximo semestre, a tradicional indústria de carne terá uma linha de baixo carbono certificada da proteína bovina.
— É preciso entender que continuar fazendo a mesma coisa buscando um resultado diferente não vai dar certo — resume o dirigente da Marfrig.
Já sobre o futuro, um dos palestrantes que falou do assunto foi o engenheiro agrícola e ex-presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann. Na sua avaliação, a conectividade ainda é um desafio a ser vencido pelo setor.
— Tecnologias nós já temos. Mas ainda não temos cobertura (de telecomunicação) para utilizar tudo isso aí — salienta.
Herrmann também citou temas como o armazenamento e a irrigação como outros entraves a serem vencidos no futuro, para que o produtor ganhe mais produtividade e competitividade no mercado.
— Não é possível termos perdas bilionárias pela estiagem sentados no segundo maior aquífero do mundo — acrescenta.
Mas, para que tudo isso seja possível, é preciso de comunicação. Informar o que se faz. É o que vai defender nesta sexta-feira (21), em outra palestra, Gustavo Ermel, diretor de estratégia e comunicação e sócio da SPR Comunicação.
As inscrições podem ser feitas até esta quinta-feira (20), pelo site do Mosaico. Essa é a estreia do Senar-RS como realizador principal da edição. A SIA, consultoria rural que encabeçava as edições anteriores, permanece em parceria com o apoio técnico.