A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O arroz voltou a ser tema de embate envolvendo o setor produtivo e o governo federal. Nesta terça-feira (17), a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) emitiu uma nota de repúdio às ações do Planalto direcionadas ao cereal ao longo de 2024. Entre elas, a tentativa de importação do produto via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no início do ano e os recentes contratos de opção de compra.
Presidente da Federarroz, Alexandre Velho explicou à coluna que a manifestação foi publicada em meio ao balanço da entidade de fechamento de ano.
— A nota é um protesto. Em um ano tão difícil para os produtores e para o Estado, as medidas anunciadas não chegaram lá na ponta. Muitos produtores ainda estão com problemas na Região Central, onde falta plantar 30 mil hectares — acrescentou o dirigente.
De acordo com o presidente da Conab, Edegar Pretto, as ações do governo federal "são justamente o contrário do que a nota argumenta".
A tentativa de importação do cereal ocorreu no início do ano e foi justificada pelo governo federal diante a incerteza de colheita de arroz no Estado. No entanto, na época, a Federarroz informou ao Planalto que a maior parte das lavouras já haviam sido colhidas e que o impacto seria pequeno. Agora, na nota publicada, a entidade voltou criticar a medida, chamando-a de "populista" e de "o mais absoluto despreparo do Governo Federal".
Com relação aos leilões de contratos de opção de compra, organizados nas últimas semanas pela Conab, a entidade diz que "estão servindo a uma ínfima parcela de produtores, especialmente àqueles com logística extremamente favorável". A ação, neste caso, busca incentivar a produção do cereal em outras regiões brasileiras.
Pretto lembra, no entanto, que a venda é opcional, como o nome já indica:
— É uma garantia a mais que nós queremos dar. Nós oferecemos a alternativa, e o produtor decide.
Velho, da Federarroz, também critica a "falta de consulta do governo federal" com o setor produtivo para realizar as medidas. Pretto, que participa na próxima quinta-feira (19) de reunião da Câmara Setorial do Arroz, em Brasília, discorda:
— Estabelecemos, por iniciativa nossa, um diálogo muito franco nos últimos tempos com todo o setor.