Em pleno período de entressafra, no intervalo entre um ciclo de produção e outro, o preço do arroz vem recuando. No valor pago ao agricultor, só em novembro houve um recuo de 13,96% na saca, conforme indicador Cepea/Irga do produto em casca. Na última semana, a cotação ficou abaixo dos R$ 100. Para o consumidor, a redução gira em torno de 10%, estima o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Alexandre Velho.
— O preço é uma preocupação. O governo fez um movimento desnecessário com os contratos de opção de venda, os valores são abaixo do custo de produção.
A entidade fez nesta terça-feira (10) o balanço anual, com as projeções para 2025. E o tema do valor aparece no radar, principalmente porque uma redução que não cubra os custos pode desestimular produtores. Conforme o dirigente, as despesas totais ficam, na média entre R$ 90 e R$ 100 por hectare. O preço do contrato de opção ofertado nos leilões do governo É de R$ 87.
— Se fosse um preço melhor lançado na véspera da safra, mas é um preço menor, na entressafra — completa Velho.
O clima é outro ponto de preocupação no momento. A expectativa de uma neutralidade ou de um La Niña ainda não se confirmou. Pesa também o histórico recente. Após duas estiagens, 2024 foi marcado pelo impacto das cheias:
— Foi um ano de muitos desafios novamente.
A Região Central ainda reflete os efeitos da enchente. Apesar de concentrar 40% dos produtores, é composta basicamente por pequenas áreas. Os estragos deixados pela enchente ampliam o custo para a produção da atual safra e também justificam o atraso na semeadura. Ainda existem 40 mil hectares para ser cultivados, e a janela oficial já se encerrou. Tanto que a Federarroz-RS solicitará a ampliação do prazo de zoneamento agrícola de risco climático para até o próximo dia 20.
— Esse atraso do plantio na Região Central e o do manejo como um todo são indicativos de uma produtividade não tão grande como a esperada — adverte o presidente da Federarroz-RS.