Depois de engatar uma alta em plena entrada da safra, no primeiro semestre, o arroz registra agora uma curva de queda na entressafra, chegando, conforme dados do Cepea/Esalq-USP, aos menores preços em seis meses. Só em novembro, conforme os indicadores do arroz em casca da instituição, em parceria com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a redução nas cotações chega a 7,14% — na sexta, a saca fechou a R$ 110,33. A perspectiva é de acomodação dos valores.
Mais à frente, em 2025, a oferta maior (a previsão é de aumento na colheita do Brasil e do Mercosul) tende a pressionar por novas quedas.
Para o recuo deste momento, pesa o ritmo arrastado na comercialização do cereal no segundo semestre. Condição que reflete, no entendimento de Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado, dificuldades no mercado interno e externo. Dentro de casa, aponta o especialista, houve uma retração no consumo após a "corrida" dos consumidores aos supermercados em meio à catástrofe climática:
— Essa corrida por conta de um receio que não tinha fundamento (de que ia faltar arroz) fez com que o consumo se retraísse a partir de junho.
Nas exportações, o ritmo também ficou menor na comparação com o ciclo passado. No relatório de análise dos pesquisadores do Cepea, também influenciaram as baixas nas cotações "o bom ritmo de cultivo da nova safra e a divulgação do governo de oferta de leilões de opções de venda envolvendo produtos da nova temporada a valores bem abaixo dos registrados atualmente".
Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), pondera que o patamar atual da saca ao produtor se mantém fazendo frente ao custo de produção.
— O que preocupa é a expectativa de preços bem menores para o ano que vem — pondera, em se confirmando o crescimento da produção gaúcha, nacional e do Mercosul.