A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Depois de alcançar uma alta de 80,2% nos últimos 12 meses, o preço do café pode começar a aliviar a conta do supermercado do brasileiro. A expectativa foi sinalizada por Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), e tem a ver com a colheita do grão, que deve ser maior nesta safra. Conforme estimativa atualizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta semana, a produção poderá registrar uma recuperação de 2,7%, chegando a 55,7 milhões de sacas com o grão.
— Uma maior oferta tende a aliviar parte da pressão sobre os preços, especialmente, após as safras anteriores, fortemente impactadas por adversidades climáticas — analisa Inácio.
O dirigente, no entanto, pondera:
— O volume estimado para este ano ainda está longe de ser suficiente para alterar os fundamentos que sustentam os atuais patamares de preço, sobretudo devido aos baixos estoques mundiais.
Para que haja o que chamou de "um real reequilíbrio entre oferta e demanda", Inácio entende que o mercado precisará de duas ou três "boas safras" consecutivas.
— Além disso, os preços continuam sendo influenciados por uma série de outros fatores, como o cenário geopolítico, a produção de outros países, o comportamento das exportações, o consumo interno e global, e os custos industriais — acrescenta.
Por ora, o bom resultado estimado pela Conab é influenciado, principalmente, pela recuperação de 28,3% nas produtividades médias das lavouras de conilon (subespécie de café, cultivada especialmente no Espírito Santo) e pela regularidade climática durante as fases mais críticas das lavouras (floração e frutificação).