A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
As primeiras sacas de arroz importadas pela indústria brasileira já estão a caminho do país. São 75 mil toneladas de cereal da Tailândia, que devem chegar em meados de julho no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), empresas seguem orçando novas compras do país asiático e também do Paquistão.
Diretora-executiva da entidade, Andressa Silva explica que a movimentação das indústrias tem a ver com a tragédia climática no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional de arroz:
— Em função da retração da oferta com a ocorrência das enchentes, para se abastecerem.
No entanto, o setor produtivo gaúcho nega a possibilidade de desabastecimento. Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, o que há "são dificuldades logísticas":
— Não existe retração de oferta. O que existe é falta de estradas, de emissão de notas fiscais e tempo ruim.
Velho também cita a perspectiva de aumento da produção nesta safra, mesmo com danos causados pelas enchentes. O motivo é o crescimento da área plantada, de 7,5%, em comparação à safra passada.
A compra das indústrias não tem a ver com a ação do governo federal, que vem organizando leilões de importação do grão de países do Mercosul. O primeiro certame, previsto para a última quarta-feira (20), foi suspenso pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ainda não há nova data para ocorrer. De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao g1, os países do Mercosul subiram em até 30% os preços do cereal após a intenção de compra ter sido divulgada.
Desde terça-feira (21), também estão isentas as tarifas para importação de arroz de países de fora do Mercosul. A medida foi anunciada pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que aprovou a resolução até o fim do ano. Foram zeradas as tarifas de 10,8% para importação de arroz beneficiado, polido ou brunido, e de 9% para compra do cereal com casca ou descascado não parboilizados. A compra da Tailândia, portanto, se beneficiará com a medida. O imposto é pago na chegada ao país destino.