O temor de impactos negativos da medida fez com que indústria e produtores de arroz do Rio Grande do Sul fizessem uma solicitação formal ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para que o leilão de importação, marcado para a terça-feira, dia 21, seja suspenso. A solicitação foi encaminhada em reunião, na tarde desta quinta-feira (16). O argumento dos representantes do setor é o de que a iniciativa poderá, inclusive, ter um efeito contrário ao esperado pelo governo, de controle do preço do cereal ao consumidor.
— O tempo para fazer esse leilão acontecer é muito curto. A entrega do produto tem de ser viabilizada em 30 dias. É pouco tempo, e isso pode fazer com que seja esvaziado, ou seja, não desperte interesse (de fornecedores). Se isso acontecer, acaba colocando mais lenha na fogueira do mercado — explica Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz-RS).
Outro ponto levantado na reunião é o de que já houve um aumentou de oferta de arroz no mercado interno, com a indústria comprando mais. Velho sustenta que, melhorando a condição logística, a tendência é de que o mercado vá se acalmando. Com a corrida às compras de muitos consumidores, estima-se, ainda, um "efeito rebote", com uma reacomodação do mercado, porque quem comprou para estocar, vai demorar a voltar a adquirir.
A importação em plena entrada de safra preocupa também porque poderá representar um desestímulo ao agricultor, com potencial de se converter em redução de área cultivada na próxima safra — nesta houve um aumento de 7,5%, após anos de recuo. A Federarroz-RS garante que o volume a ser produzido, apesar dos danos às lavouras por colher, é suficiente para atender à demanda do mercado interno brasileiro.
— Conseguimos sensibilizar o ministro para o risco que é confirmar esse leilão — diz o presidente da Federarroz-RS.