Foram divulgadas nesta quarta-feira (15) as condições do primeiro leilão, via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para importar arroz. A aquisição, de até 104,03 mil toneladas da safra 2023/2024, está marcada para terça-feira (21). O argumento para a medida é o de garantir o abastecimento do mercado brasileiro, frente aos efeitos das cheias no Rio Grande do Sul, que responde por 70% da produção nacional. Produtores gaúchos reforçam que, apesar dos efeitos da catástrofe sobre lavouras que estavam por colher (15,8% da área total, no boletim mais recente), há produto suficiente para o consumo interno.
— O arroz que vamos comprar terá uma embalagem especial do governo federal e vai constar o preço que deve ser vendido ao consumidor. O máximo ao consumidor será de R$ 4 o quilo — diz Pretto.
A compra de produto de fora, de até 1 milhão de toneladas, foi autorizada no último dia 10, e estabelece como destino do cereal pequenos varejistas das regiões metropolitanas, de acordo com os indicadores de insegurança alimentar, exceto o Rio Grande do Sul. A primeira aquisição será enviada para São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Pará e Bahia. O custo da operação é de R$ 416,14 milhões.
Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), avalia que a compra, em plena entrada de safra, é "precipitada":
— Neste momento, temos de colocar recursos para corrigir questões logísticas. Entidades do setor estão procurando sugerir medidas ao governo federal para que esse anúncio não traga grande impacto no cenário atual e no tamanho da lavoura dos próximos anos.
Velho acrescenta que a dificuldade da emissão de notas fiscais é um gargalo importante a ser vencido para o fluxo do arroz para dentro e fora do Estado.
A maior preocupação é de que a entrada de arroz importado, de forma regulada pelo governo, possa desestimular produtores e se converter em redução de área cultivada na próxima safra. Após vários anos em queda, a área do ciclo 2023/2024 teve crescimento, de 7,5%.