A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Um novo ingrediente reforça agora a projeção de crescimento das exportações brasileiras (e gaúchas) de carne suína deste ano. E já reverberou nos dados de março do setor, em alta. É a China, principal consumidor da proteína nacional, que voltou a enfrentar surtos de peste suína africana em dezoito das 31 regiões administrativas do país.
Ainda que o controle esteja sendo feito, na prática, o diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, vê um cenário de oportunidades a mais se desenhando para o Brasil:
— O recrudescimento da peste suína africana na China e nas Filipinas deve manter as exportações brasileiras em patamares acima das 100 mil toneladas mensais.
De janeiro a março, o Brasil embarcou 274,8 mil toneladas, volume 15,7% maior que o mesmo período do ano passado. Deste total, 109,6 mil toneladas foram direto para a China, quantidade 25,6% superior a registrada na mesma comparação.
Considerando só o Rio Grande do Sul, foram embarcadas 65,75 mil toneladas nesse período.
E, em termos de faturamento, a alta chegou a 29,6%, com um total de US$ 646,3 milhões embolsados pelo Brasil.
Presidente da ABPA, Ricardo Santin também atribuiu outros fatores a essa tendência de alta. Entre elas, custos de produção em alta no mundo, peste suína africana também na Europa, estabilidade de produção nos Estados Unidos, retomada de consumo na China com o fim da política covid zero e a abertura de novos mercados à carne suína brasileira. Como o chileno, que recentemente passou a exportar do Rio Grande do Sul.
— Diferentemente do que vimos no primeiro trimestre de 2022, os três primeiros meses deste ano seguem em ritmo equivalente ao visto no segundo semestre do ano passado, indicando um ano com tendência de alta comparativa nas exportações — analisa Santin.
Há ainda a perspectiva de mais crescimento se a missão do governo Lula se concretizar na China. Uma nova comitiva já embarcou ao país, e a ideia é que, para a carne suína, sejam destravadas a habilitação de novos frigoríficos para exportação e reconhecido o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Dessa forma, será possível ampliar a gama de produtos embarcados, incluindo no cardápio carne suína com osso e miúdos.