Numericamente, a presença da peste suína africana no continente americano pode ser considerada pequena. A confirmação de um novo caso no Haiti eleva para apenas dois o total de registros neste momento. Mas é o potencial prejuízo que faz da chegada do vírus uma ameaça real a ser combatida, inclusive e principalmente pelo Brasil. A doença está erradicada do território nacional há mais de três décadas. E foi esse status sanitário diferenciado que permitiu ao país ampliar a participação como fornecedor global. Inclusive na China, onde um surto comunicado em 2018 dizimou o rebanho local.
- Nunca se pode relaxar em termos de prevenção. Mas estando na América (o vírus), a preocupação é maior. Quanto mais próximo das fronteiras, mais arriscado - avalia Sulivan Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteção Animal (ABPA).
O Haiti divide área insular no Caribe com a República Dominicana, onde houve a primeira notificação - dois focos no final do mês de julho. O Brasil intensificou o sistema de vigilância e de contingência que já existia. E agora reforça a dose de prevenção. Um dos pontos de atenção está nos aeroportos. Como a região caribenha é destino turístico, há preocupação com produtos de origem animal que possam ser fonte de contaminação. A entrada desses itens não é permitida, e a fiscalização fica a cargo das equipes do sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura.
No Salgado Filho, em Porto Alegre, as bagagens de voos vindos do Panamá passaram a ser 100% vistoriadas e é feita a tiragem de passageiros que tenham vindo da República Dominicana. Chefe regional do Vigiagro do Estado, Rafael Capriolli Martins acrescenta:
- Estamos intensificando também a fiscalização dos resíduos de bordo tanto no aeroporto quanto no porto.
Outra parte da prevenção está nas granjas. Visitas de estrangeiros ou de pessoas que não façam parte do sistema produtivo devem ser evitadas.
Importante ressaltar que a doença não oferece risco para a saúde humana. Afeta somente suínos. Mas na espécie, o estrago que pode causar é considerável, podendo dizimar criações por ser altamente transmissível e levar a altas taxas de mortalidade. Quarto maior produtor e exportador da proteína, o Brasil sabe que prevenir é fundamental.