Riscada da realidade brasileira há três décadas, a peste suína africana se tornou uma indesejada realidade chinesa. Foi a doença que dizimou o rebanho do país asiático, o maior do mundo, obrigando-o a pesar a mão nas compras externas de proteína animal. Razões que explicam o cuidado redobrado e o alerta que as autoridades sanitárias brasileiras adotam no momento em que é confirmado o primeiro caso no continente – notificado pela República Dominicana.
– Reforçamos as recomendações para vigilância em portos e aeroportos, para assegurar que companhias aéreas e marítimas e viajantes obedeçam às proibições de ingresso de produtos que representem risco de pragas e doenças para a agropecuária – explicou Geraldo Moraes, diretor de Saúde Animal do Ministério da Agricultura.
O último foco no Brasil foi registrados em Pernambuco em 1981, com o reconhecimento de zona livre de peste suína africana sendo concedido ao Brasil em 1984. De lá para cá, o país se manteve blindado ao problema, com um status que o habilitou a fornecer carne em escala ampliada para a China, após o surto da doença em 2018.
A manutenção da sanidade no território brasileiro decorre de um sistema de vigilância específico e planos de contingência existentes, que são agora intensificados.
– Logicamente, a proximidade traz alerta para reforço e atenção – observa Sulivan Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Posição reforçada por Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária (Fundesa), que pontua o impacto grande que a doença causou na produção de suínos na Ásia e Europa.
Dois pontos pedem extrema cautela: a vigilância em aeroportos, portos e áreas de fronteira e os cuidados nas granjas de produção de suínos.
Uma das determinações é de que 100% das bagagens de voos vindos da América Central, região com fluxo turístico e onde foi registrado o caso, sejam fiscalizados por agentes da Vigilância Agropecuária Internacional (VigiAgro).
Superintendente do ministério no Estado, Helena Pan Rugeri explica que são 12 pontos de atuação do VigiAgro no Rio Grande do Sul. Além disso, a área de saúde animal está preparada para agir, em caso de necessidade, destaca.
A prevenção continua sendo o método mais eficaz. É importante que se tenha o controle rigoroso de trânsito de pessoas, produtos e equipamentos entre propriedades e análise da origem de animais, genética e insumos que ingressam em unidades produtivas.
Quarto maior exportador mundial de carne suína, o Brasil – e o RS – tem muito a perder com a doença.