Foi um surto de peste suína africana no rebanho chinês que mexeu de forma substancial com o mercado internacional de carne, em um movimento que expandiu e valorizou a produção brasileira. Agora, é um registro na Alemanha que traz efeitos sobre o setor, com proporções de grandezas diferentes, é bom ressaltar. No país europeu, a confirmação do diagnóstico veio no último dia 10 e refere-se a um javali selvagem encontrado morto. Ou seja, não foi detectado nos rebanhos comerciais. Ainda assim, o embargo veio como medida tomada por compradores e exportadores do produto, incluindo o Brasil, China, Coreia do Sul e Japão.
O impacto nos negócios vem do fato de os alemães serem um dos principais fornecedores globais de carne suína, tendo embarcado cerca de 595,7 mil toneladas do produto no acumulado do ano. Só para a China, respondem por fatia de 14%, à frente da proteína animal brasileira, com 7,5%.
A consequência imediata da suspensão da Alemanha é no preço da proteína. O cenário também abre espaço temporário para as exportações brasileiras e de outros produtores, na União Europeia, e fora dela, como Estados Unidos e Canadá.
Quarto maior exportador mundial de suínos, o Brasil embarcou 678,3 mil toneladas de janeiro a agosto, volume 44,37% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 469,8 mil toneladas. A receita de exportações totalizou US$ 1,49 bilhão, alta de 54,5% na comparação com igual intervalo de 2019.
— A oportunidade deve existir — avalia Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), acrescentando que o caso foi pontual e que a Alemanha deve logo fazer o controle e voltar a exportar.
Também um comprador da Alemanha, de tripas e outros processados, o Brasil suspendeu as importações no momento. Com rebanho livre da doença, também amplia a vigilância, pedindo que governo reforce os cuidados nas fronteiras.