No resultado geral, o primeiro trimestre foi de recuo nas exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul, com queda de 23,3% na receita, que somou US$ 1,8 bilhão no período, conforme dados divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Em meio a essa redução, alguns produtos tiveram desempenho oposto, com faturamento histórico. É o caso da carne suína, cujas vendas atingiram o maior valor para os primeiros três meses do ano desde o início da série histórica, em 2007. Foram US$ 128,5 milhões, alta de 78,6% na comparação com igual intervalo de 2019.
Esse resultado vem pela combinação de fatores que vão da base de comparação, passam pela China e incluem a atratividade do mercado externo diante das atuais cotações do dólar. Sérgio Leusin Júnior, economista do DEE, lembra que o aumento das compras chinesas, em 2019, começou a partir do segundo trimestre. Ou seja, a base de comparação no primeiro triênio do ano passado era menor, o que ajuda a explicar o percentual de crescimento neste começo de 2020.
A tendência é de demanda firme para a proteína animal. Não necessariamente de crescimento, mas de manutenção desse novo patamar atingido.
— É um movimento que vai continuar todo ano e uma parcela do ano que vem — projeta o economista.
A estimativa vem ancorada na necessidade global por carnes, em especial da China. Foi o país asiático que, apesar da pandemia, ajudou o Rio Grande do Sul a ter aumento de receita nos embarques. Essa busca externa por proteína ainda reflete o quadro de escassez na produção por conta da peste suína africana, que dizimou o rebanho local. José Roberto Goulart, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), usa dados divulgados pelo USDA (o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para exemplificar. Projeção do último dia 9, aponta produção chinesa de carne suína de 34 milhões de toneladas, número aquém das 42 milhões de toneladas do ano passado e das 54 milhões de toneladas de 2018.
— Isso demonstra que continuarão necessitando e comprado proteína, principalmente suína — reforça Goulart.
O dirigente aponta ainda outras duas razões para a continuidade dos embarques: o câmbio, que tornou o produto brasileiro atrativo no cenário global. E, por conta disso, a canalização das empresas para as exportações, até porque o mercado interno está retraído:
— Como há uma sobra, as indústrias naturalmente se voltam para o mercado externo.
No Rio Grande do Sul estão oito dos 16 frigoríficos brasileiros aptos a vender para a China. Goulart prevê que novas unidades devam ser habilitadas ao longo deste ano. Os embarques de frango também tiveram alta na receita no primeiro trimestre: 82,1%.