A redução do rebanho de suínos na China neste ano, estimada em 21% pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deverá trazer efeitos ainda maiores ao mercado mundial no segundo semestre. Conforme projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de carne brasileira crescerão em volume superior aos primeiros seis meses do ano — quando variaram 24,5% no país, na comparação com o mesmo período de 2018.
— A partir de agora, a escassez será sentida com maior força na China, já que boa parte dos estoques congelados ao longo do ano foram consumidos — explica Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Pela projeção do USDA, o surto de peste suína africana reduzirá em 10 milhões de toneladas a produção chinesa de carne suína em 2019. O volume é mais do que o dobro da capacidade brasileira — de quase 4 milhões de toneladas.
— Estamos diante de uma disrupção do comércio global de proteína animal, incluindo aves — estima Santin.
A expectativa do USDA é de que o s efeitos da peste suína na China se estendam até 2020, fazendo o país levar anos para recuperar suas matrizes. Maior produtor mundial de carne suína, com 50% do volume, a China é o principal comprador de carne brasileira — com 26% de participação no mercado suíno. A maior demanda do gigante asiático ajudou a elevar em 23% a receita das vendas externas brasileiras no primeiro semestre. O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor nacional, atrás apenas de Santa Catarina.
Para o segundo semestre, a projeção é de alta ainda maior de preços — refletindo diretamente no mercado interno, onde cerca de 80% da carne é endereçada.
O consumidor deverá sentir o efeito no bolso, com aumento do valor final dos produtos.
— É um momento de recuperação das indústrias de carnes, que falam em retomar investimentos — revela o diretor-executivo da ABPA.
Saiba mais sobre a doença
O surto de peste suína africana, com status endêmico na China, teve início há pouco mais de um ano em países asiáticos. Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) notificou a identificação do primeiro foco da doença na Eslováquia. A OIE já identificou outros casos também no leste europeu. O Brasil é livre da doença desde a década de 1980. O vírus é letal aos animais, mas não oferece risco à saúde humana.