As estatísticas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) não deixam dúvidas. Os efeitos da surto de peste suína africana registrada na China já começam a aparecer. Mas é a partir do segundo semestre que devem ganhar ainda mais força, estimam dirigentes da entidade.
— Eu brinco que quem gosta de suíno na festa de final de ano deve começar a congelar agora — diz Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
O dirigente fala com propriedade. Os focos da doença registrada na Ásia estão fazendo o continente reforçar as compras externas de proteína animal. Os chineses foram destino de 32% do total de carne suína brasileira embarcada no mês de maio. As 21,1 mil toneladas representam alta de 51% na comparação com o mesmo período do ano passado.
— A fatia da participação chinesa nas exportações brasileiras é a maior já registrada —reforça Francisco Turra, presidente da ABPA.
Com maior apetite fora de casa, o produto fica valorizado. A receita brasileira com os embarques de carne suína brasileira (para todos os destinos) em maio é 54,6% maior. No acumulado do ano, cresceu 11,9%. Em volume, 16,3%, com 282,9 mil toneladas. Segundo Santin, esse cenário ainda reflete um pouco a base de comparação baixa, em razão da ausência dos russos nesse período do ano passado — o país estava com embargo ao produto brasileiro até outubro.
— Os dados de receita já refletem uma subida interessante, mas o verdadeiro aumento de preço em razão da peste suína na China ainda não chegou. Isso deve ocorrer entre agosto e setembro — explica o diretor-executivo da ABPA.