O primeiro semestre de 2020 consolidou a China como o principal destino e a maior fatia das exportações de carne brasileira, independentemente do tipo. Alçado à liderança ao longo de 2019, o pais asiático mantém a necessidade de abastecer o mercado interno com fornecedores externos. Números divulgados ontem pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) confirmam a supremacia chinesa nos embarques de janeiro a junho. Se as compras da região administrativa especial de Hong Kong forem incluídas na conta, o percentual da liderança fica ainda maior.
Na carne suína, o volume adquirido pelos chineses no acumulado do ano é 48,7% do total enviado pelo Brasil. Nas aves, o share é menor, 16,8%. Em ambos os casos, cresceu em comparação a ela mesmo em igual período do ano passado. Impressionantes 150% em quantidade de produtos suínos e 32,2% em toneladas de aves.
No início da semana, dados compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) apontavam que o país asiático havia abocanhado 57% das exportações brasileiras de carne bovina, tendo crescido no semestre 148% em volume.
A representatividade não é vista com preocupação pela indústria que também não vê o quadro como de dependência.
– A gente não está dependendo da China, a China que está comprando mais do Brasil. Mas isso não quer dizer que tenhamos deixado de lado outros mercados – reforça Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
A manutenção de outros países importantes no portfólio, e a busca por novos compradores, mesmo diante da posição de maior exportador mundial de carne bovina e de frango e quarto maior de suína, é uma das razões para o domínio chinês não preocupar.
Lição aprendida em experiências anteriores. A dependência da Rússia nos negócios de suínos – o país respondia por 40% das compras – tornou-se problema diante de sucessivos embargos impostos, lembra Santin:
– A Rússia nos ensinou a ter mais canais de venda. É por isso que mesmo a China comprando esse volume, trabalhamos para abrir o México e outros mercados.
Outra motivo de confiança vem da conjuntura. A perda na produção chinesa de suínos foi expressiva em decorrência da peste suína africana – o déficit é estimado em cerca de 20 mil toneladas. E a recomposição não será da noite para o dia. Por pagar mais, o país puxa as vendas cativa a preferência.
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