A jornalista Joana Colussi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A promessa do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao presidente Jair Bolsonaro de acelerar a derrubada de embargos sobre o mercado de carnes foi recebida por indústrias com menos entusiasmo do que seria em 2017 — quando o país comprava 40% das exportações brasileiras de carne suína. Na época, os russos fizeram restrições ao produto por alegações de uso do aditivo ractopamina.
— Não aceitaram nem contraprova, simplesmente deixaram de comprar a nossa carne. Só não quebramos porque encontramos mercado nos países da Ásia — lembra Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
De lá para cá, o Brasil reduziu a dependência do mercado russo — que representa hoje apenas 6% das vendas externas brasileiras de carne suína e menos de 3% da carne de frango. Em reunião bilateral no Palácio do Planalto, na semana passada, o presidente russo teria prometido enviar fiscais ao Brasil para avaliar frigoríficos — com vistas a aumentar as compras. Para isso, os russos precisarão pagar mais caro pela carne brasileira, alerta Turra.
— A China remunera muito bem. E com esse problema envolvendo a peste suína africana, que reduziu o rebanho chinês, acreditamos que a demanda se manterá por um belo período de tempo — projeta o dirigente.
Hoje, os embarques de carne suína para a China representam 40% das vendas externas totais do produto e para Hong Kong, quase 30%.
— Estamos falando de 70% das nossas exportações. Temos mercado de sobra na Ásia —comemora Turra, acrescentando que a China é o maior produtor e consumidor mundial de carne suína.
Isso não quer dizer, pondera o dirigente, que a Rússia não esteja mais no radar dos frigoríficos brasileiros. A questão é que a relação de dependência com o país não existe mais — o que deixa as indústrias mais tranquilas para colocar o produto lá fora.
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