
Quase um ano depois, os russos voltam a abrir suas portas para a carne suína brasileira. A suspensão estava em vigor desde dezembro de 2017 e chegou ao fim nesta quarta-feira (31), com comunicado emitido pelo Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária Russo, trazendo alívio às indústrias do setor. É que a ausência da Rússia na relação de destinos dessa proteína foi sentida, ainda que novos mercados fossem buscados. A explicação é simples: no ano passado, o país-sede da última Copa do Mundo respondeu por 40% das vendas externas do Brasil desse tipo de carne.
– A retomada deste mercado tem um significado importante, em especial, pela representatividade que a Rússia desempenhou nos últimos anos, como principal destino – avalia Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Para se ter uma ideia, de janeiro a setembro deste ano, apesar de a China ter ampliado em 212% as compras, as exportações de carne suína brasileira recuaram 12,8% em volume e 26,9% em receita.
Secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel, disse esperar que a retomada das exportações para a Rússia faça as empresas adquirirem o fôlego que perderam ao longo deste ano em razão de fatores como a greve dos caminhoneiros e o desabastecimento causado por ela.
Os embarques poderão ser retomados a partir desta quinta-feira (1º). No Rio Grande do Sul, foram reabilitados quatro frigoríficos das empresas Alibem, Adele e Cooperativa Central Aurora.
– É muito importante para os suínos essa retomada. Mas a retomada é sempre mais lenta. Não sabemos ainda qual será a procura, a busca, que espaço darão ao produto brasileiro – pondera Rui Vargas, vice-presidente e diretor técnico da ABPA.
O embargo ao Brasil teve como justificativa a contaminação cruzada por ractopamina, que é uma substância promotora de crescimento não admitida pelos russos, na formulação de rações usadas na alimentação dos animais. Há desconfiança, porém, de que os reais motivos sejam comerciais.
O fato é que a reabertura vem como uma espécie de presente antecipado de final de ano para as indústrias do setor.