Com o apetite aguçado pela tradição, a carne suína ganha lugar de destaque à mesa das festas de final de ano, trazendo um crescimento entre 20% e 25% na demanda no Rio Grande do Sul. A proteína costuma ser a escolhida para a ceia da virada pelo simbolismo que traz: o suíno é um animal que fuça para a frente, logo, está associada a avanço, a progresso. Para dar conta dessa procura extra, a indústria se prepara com antecedência.
Conforme Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), itens como pernil e lombo temperado começam a ser produzidos a partir de setembro:
— Vão sendo produzidos e armazenados para essa demanda maior no final do ano. Até porque não é possível produzir tudo em um único momento, é uma questão de disponibilidade de mão de obra, de máquina.
A produção em si não aumenta neste período do ano. Kerber explica que ela é estável, há um ritmo dentro do planejamento do alojamento de matrizes e dos dias trabalhados mensalmente. O ciclo do suíno é mais longo do que o de aves, por exemplo, é por isso que há a necessidade de organizar a produção.
A tradição do consumo de carne suína também existe em outros países, mas tem uma força maior no Brasil, avalia o dirigente. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que 2022 deve fechar com uma produção entre 4,95 e 5 milhões de toneladas no país, o que representa um aumento de até 6,5% no cenário mais positivo.
A disponibilidade per capita/ano também pode ficar até 8% maior, com 18 quilos. E o mercado externo deve ter uma leve redução no volume na comparação com 2022. Resultado que reflete a desaceleração do apetite da China. O pais asiático segue sendo o principal destino do produto brasileiro, mas vai retomando o seu patamar interno de produção, duramente impactado pela peste suína africana em 2018.
Para o próximo ano, a projeção é de crescimento em todos esses indicadores: produção, disponibilidade per capita e exportação. No Rio Grande do Sul, a expectativa é de que possam se concretizar as primeiras conquistas de mercado do novo status sanitário (de livre de aftosa sem vacinação). Uma missão chilena esteve em território gaúcho avaliando o sistema.
— Imaginamos que em 2023, passado esse período de pandemia, as missões irão acontecer. E na medida em que acontecerem, temos a perspectiva de que os mercados se abrirão. Quando importantes mercados nos visitarem e abrirem a condição de exportação, outros mercados virão ao natural — aposta Kerber.