Alçadas a um novo patamar a partir da demanda extra da China, as exportações brasileiras de carne suína vão testando seus novos limites. Com a recomposição dos rebanhos, o país asiático calibra o apetite externo pela proteína. Setembro fechou, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), com queda de 8,5% no volume embarcado, na comparação com igual mês de 2021, e de 4,5% em receita. No acumulado do ano, a redução soma 5% em quantidade e 10,2% em faturamento.
Mesmo com números menores, a ABPA vê um cenário de recuperação, com um segundo semestre melhor do que o primeiro. A média mensal embarcada, que ficou abaixo de 80 mil toneladas no primeiro trimestre, subiu para mais de 90 mil no segundo e superou as 100 mil no terceiro, o que aponta uma evolução e uma aproximação com os resultados do ano passado, pontua Ricardo Santin, presidente da entidade.
— No ano passado, ainda tinha muito rescaldo de peste suína africana. Então, o número menor é pela base de comparação elevada — acrescenta Santin, em relação aos efeitos causados pela doença, que dizimou o rebanho chinês em 2018 e fez o país ampliar as compras externas.
O dirigente lembra que mesmo com os 95% de autossuficiência da China a partir do plantel recomposto, os 5% que faltam para completar o abastecimento representam em torno de 2 milhões de toneladas. Ou seja, há espaço para um apetite constante do país, que segue como maior comprador da proteína. Além disso, o Brasil diversificou seus destinos ao longo deste ano, ressalta Luís Rua, diretor de mercado da ABPA.