O Brasil fechou o primeiro semestre deste ano com resultados opostos nas exportações de carne. Enquanto a carne de frango registrou aumento de volume (de 8%) e de receita (+36%), a suína teve retração nos dois indicadores, com queda de 9,3% na quantidade e de 17,4% em faturamento. O resultado tem relação com o comportamento da China, que segue como principal destino das duas proteínas, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Na carne suína, no entanto, o país asiático é o principal motor dos movimentos de mercado. E começou o ano puxando o freio de mão nas compras, em razão da recomposição do plantel próprio (reduzido drasticamente pela peste suína africana) e dos impactos no consumo interno trazidos por novos lockdowns. De janeiro a junho, foram embarcadas 183,18 mil toneladas, redução de 38,5% sobre igual período do ano passado.
— Mesmo com a redução, a China continua sendo nosso maior importador. E, apesar da queda, o Brasil cresceu no market share — ressaltou Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Da mesma forma, a participação brasileira no cenário global também ficou maior. Além disso, outros fatores minimizam a preocupação da entidade com a diminuição chinesa. Como a compensação dessa perda com o avanço em mercados diversos. Santin cita como evidência os próprios números do semestre: apesar de China e Hong Kong terem, juntos, reduzido o volume de compras em 145 mil toneladas, a redução das exportações totais da carne suína do Brasil foram de 52 mil toneladas.
— Todo mundo diminuiu as vendas para a China na china, mas o Brasil foi o que menos diminuiu — reforça Luís Rua, diretor de mercado da ABPA.
Ele ressalta que o ritmo mais lento do início do ano já foi superado e que, mesmo com a retomada da produção local do país asiático, há espaço para uma demanda externa consistente
— Agora, já eles já estão vendo que, com uma possível retomada da economia, a saída do lockdown e o período de maior consumo no inverno, pode haver maior necessidade de carne e estão pagando e comprando a mais — completa Rua.
No histórico recente, a China chegou a comprar uma média mensal de 45 mil a 50 mil toneladas do Brasil. No início do ano, caiu para 25 mil-27 mil toneladas e, neste momento, retoma o patamar de 35 mil a 4o mil toneladas.
— Mesmo com a consolidação do plantel, devem manter estabilidade da importação na casa das 3 milhões de toneladas ao ano — reforça Santin.
Dados do semestre
Frango
- O volume exportado pelo Brasil foi de 2,42 milhões de toneladas, alta de 8% sobre igual período do ano passado. Em receita, foram US$ 4,73 bilhões, avanço de 36%.
- Os três principais compradores foram China, Emirados Árabes Unidos e Japão
- Os três maiores exportadores entre os Estados foram Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Suíno
- O volume exportado foi de 510 mil toneladas, recuo de 9,3%. E, receita, foi US$ 1,11 bilhão, redução de 17,4%.
- Os três principais destinos foram China, Hong Kong e Filipinas
- Os maiores exportadores entre os Estados brasileiros foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná
(Fonte: ABPA)
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