Embora as exportações ganhem destaque por conta dos resultados positivos, é no mercado interno que a indústria de carne tem seu maior cliente. E, para 2022, a perspectiva é de que o apetite dos brasileiros por frango e suíno siga crescendo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A entidade fez nesta quinta-feira (16) o balanço do ano e traçou perspectivas para o próximo. Em ambos os cenários, há um aumento do consumo per capita, bem como da produção, da exportação e da disponibilidade de produto "dentro de casa".
Para o presidente da entidade, Ricardo Santin, pelos menos três fatores alimentam o crescimento esperado no consumo de frango em 2022, de 4%, com até 48 quilos por pessoa no ano, e de 3% na carne suína, com até 17,3 quilos/pessoa/ano. Um deles é a melhora da economia, com a retomada das atividades. O outro, o efeito positivo esperado com os recursos que serão liberados via Auxílio Brasil. Em relação à renda, o reajuste no salário mínimo é visto como mais um impulsionador.
— O principal ponto é a perspectiva de retomada da economia — enfatizou Santin.
O diretor de Mercados da ABPA, Luís Rua, acrescentou que a menor disponibilidade de carne bovina no Brasil, em razão do ciclo pecuário, poderá fazer proteínas como frango, suíno e ovos galgarem mais espaço. Nem mesmo o novo patamar de custos, que deve se manter elevado, com eventuais novos repasses ao produto final, é visto como entrave à sustentação do consumo interno. Entre os desafios à indústria, a questão dos insumos, como os grãos usados na ração animal, se manterá no horizonte.
Santin reforçou, em mais de uma ocasião, que é o avanço das despesas — e não as exportações — que têm impacto no valor final das proteínas:
—O aumento dos custos faz com que cresça o preço na prateleira, não é por causa das exportações. Nosso principal cliente continua sendo o mercado brasileiro.
Em relação a 2021, os embarques das proteínas tiveram um desempenho singular. Na carne suína, o volume enviado até novembro já era maior do que todo o ano passado, trazendo novo recorde. E no frango o Brasil deve reforçar ainda mais a liderança nas exportações globais, batendo sua própria marca (veja acima).