Os números divulgados no terceiro levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não mostram, mas a falta de chuva continua afetando lavouras de milho nas principais regiões produtoras do Estado, como Noroeste e Fronteira Oeste, que respondem por até 70% da produção gaúcha. Há produtores que já avaliam, inclusive, eliminar as áreas com maiores danos e prepará-las para implantação de outro cultivo, conforme boletim semanal da Emater.
O documento aponta “perdas irreversíveis” em razão do déficit hídrico em novembro e que se prolonga neste mês em oito de 12 regionais (Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Passo Fundo, Frederico Westphalen, Porto Alegre, Santa Maria e Lajeado).
E outra preocupação surge no horizonte, em relação ao produto de maior peso à economia, a soja.
– A produtividade máxima, ou seja, aquela potencial, já está comprometida. E não há previsão de chuva pelo menos até o Natal, período em que parte da cultura já deve entrar em floração (quando a produtividade é mais afetada) – pondera Carlos Roberto Bestetti, superintendente da Conab no RS.
O plantio avançou só cinco pontos percentuais no período de uma semana, e há áreas em que foi suspenso, neste momento, por falta de umidade no solo.
Compilada entre 22 e 26 de novembro, a projeção da Conab estima uma safra de milho de 5,9 milhões de toneladas e de soja, de 21,22 milhões de toneladas – ambos volumes revisados para cima em relação ao dado anterior. Nesse cenário, a colheita total de grãos do Estado, incluindo as culturas de inverno, totaliza 39,9 milhões de toneladas, o que se configura como novo recorde.
Resultado positivo no inverno
Mas nem tudo está perdido. A safra 202/2021 de trigo, agora oficialmente encerrada, confirmou uma produção recorde de 3,56 milhões de toneladas, de acordo com a Conab – algo que não se via desde 2013.
— Ainda que tenha havido problemas climáticos, a produção foi compensada pelo aumento de área (1,15 milhão de hectares, segundo a Conab) e pelo clima favorável em boa parte da safra, o que gerou boa produtividade e boa qualidade. E, se sobrar cereal, é possível avaliar o fornecimento dele à cadeia produtiva das carnes para substituir o milho — completa Bestetti.
*Colaborou Carolina Pastl