Depois da janela ampliada de embarques, a soja se coloca temporariamente como coadjuvante nas exportações gaúchas. Pelo menos até o início do próximo ano. Com safra farta colhida neste ano, de mais de 20 milhões de toneladas, o Rio Grande do Sul entrará em 2022 com produto estocado, opção de oferta antes da colheita do ciclo em andamento. Agora, nos meses finais do ano, o grão deve perder sua força numérica nos volumes, com pequenas quantidades a serem embarcadas.
A entrada da concorrente safra americana de soja no mercado global é um dos fatores com impacto nos negócios. No Brasil, que teve colheita igualmente recorde neste ano, há pressão de venda. Já o RS está "mais focado no trigo e armazenando a soja". Condição que fará o Estado chegar com estoque de passagem previsto em torno de 3 milhões de toneladas, observa Thiago Milani, head de soja para a América do Sul da Gavilon do Brasil. A trading do grupo japonês Marubeni tem fatia de mercado relevante no país (soja, milho e trigo) e no RS.
Faltando pouco para encerrar a colheita do trigo, que chegava a 85% da área total cultivada, a projeção de safra cheia vai se consolidando. As 3,55 milhões de toneladas projetadas pela Conab, se confirmadas, serão novo recorde e abrem excedente. A estimativa é de que possam ser exportadas 1,5 milhão de toneladas, aponta Milani. Dados do porto de Rio Grande apontam que, até outubro, foram 477,03 mil toneladas, crescimento de 69% sobre igual período de 2020.
– Como terá um grande estoque, a partir de janeiro, (o produtor gaúcho) poderá voltar a vender soja um pouco antes da entrada da nova safra – diz Milani.