Na carona da safra farta colhida no Rio Grande do Sul, o porto de Rio Grande tem em 2021 um desempenho singular em diferentes recortes e produtos. O ano ainda nem terminou, e o volume movimentado (cabotagem, importação e exportação) supera o de todo o ano passado: de janeiro a outubro, foram 38,54 milhões de toneladas, alta de 16% em relação a igual intervalo e 455 mil toneladas a mais do que nos 12 meses de 2020. E recorde histórico para os primeiros 10 meses. Puxando essa trajetória de resultado positivo está, claro, o item mais representativo da pauta de exportação: a soja.
Em grão, a quantidade vendida ao mercado externo cresceu 30,27% sobre o acumulado até outubro do ano passado, chegando a 12,08 milhões de toneladas. O farelo também cresceu na casa dos dígitos: 20,37%, somando outras 2,34 milhões de toneladas. Importante lembrar que 2020 foi um ano em que a quebra na produção cobrou seu preço também nas exportações. Mas há expansão além da recuperação: a janela de embarques ficou maior, se estendendo para meses em que usualmente já não é mais expressiva. Superintendente do porto, Fernando Estima reforça que a retomada da soja é o grande destaque, que se soma a outros ingredientes:
— Foi principalmente a qualidade da soja. Mas houve algumas melhorias de infraestrutura, o calado de nova profundidade, que permite em torno de 15% a mais em volume. É um sinalizador concreto, os navios puderam carregar mais.
Até o final do ano, haverá um indicador específico para medir o quanto o porto ganhou em capacidade com as medidas do novo calado, homologadas em outubro do ano passado. E se a soja tem a maior fatia representativa, o segmento de madeira foi o de maior crescimento percentual. As 1,56 milhões de toneladas exportadas no acumulado de 2021 representam aumento de 188,88% sobre igual período do ano passado. Produto da safra de inverno, o trigo também alcança alta: 69,01%, com 477,03 mil toneladas despachadas.
A partir de agora, a contribuição da soja nos números praticamente desaparece, com as saídas sendo para cumprimento de contrato (ou seja, sem vendas novas). Neste período do ano, os americanos estão em plena safra e têm um produto mais competitivo no mercado global. Na prática, isso resultará em um estoque de passagem no Rio Grande do Sul bem diferente, explica Índio Brasil dos Santos, sócio-diretor da Solo Corretora.
— Com essa "sobra" de soja, deveremos ter embarques mais precoces. Provavelmente a campanha 2022 vai começar mais cedo — pondera, em relação às perspectivas para o próximo ano.