Em um cenário de inflação generalizada, como o atual, um aumento nas despesas não chega a ser uma surpresa. Mas o tamanho da conta a ser paga pelo produtor para colocar de pé a safra de verão impressiona: em itens como fertilizantes, o aumento de preço chega a até 150% no intervalo de 12 meses (em valores nominais). Em contrapartida, a valorização das cotações não chega sequer a dois dígitos, o que na prática traz uma perspectiva de uma produção mais cara e de margens menores, aponta levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS).
Tendo por base dados referentes a 1º de novembro, a projeção mostra que, na soja, a quantidade de sacas necessárias para cobrir o custo total cresceu 48,8% em relação ao ciclo anterior, passando de 26,11 para 38,85 sacas por hectare (considerando uma produtividade de 60 sacas). No milho, a matemática ficou ainda mais complicada: é preciso 108,58 sacas na relação de troca, aumento de 57% em igual comparação.
— O custo explodiu. As margens estão muito apertadas, bem diferente da safra passada, em que tínhamos uma condição melhor. Esse cenário exigirá uma produção maior para fazer frente às despesas — observa o economista Tarcísio Minetto, responsável pelo estudo.
No período de 12 meses, o custo por hectare encareceu em 52,1% na soja, e a cotação teve alta de 2,69%. No milho, o gasto por hectare subiu 65,64% e o preço da commodity, 5,48%. No cruzamento dos dados, há uma perda de rentabilidade significativa em ambas as culturas. Um alerta que fica sobretudo para a safra do próximo ano, já que os insumos costumam ser comprados antes do período da pesquisa.
Para dar um drible na inflação que ronda a lavoura, o agricultor precisará reforçar os cuidados no manejo e ter precisão nos controles. Ah, e ficar na torcida para que não se tenha nenhum percalço climático que possa atrapalhar a colheita.
– O produtor precisa se proteger com seguro agrícola, para se prevenir de eventuais danos causados por fatores como clima e mercado, evitando assim possíveis prejuízos maiores – recomenda o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires.