A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O produtor que não se organizou antecipadamente para a compra de insumos sentirá no bolso os efeitos da alta nos custos da produção da soja e do milho. Os primeiros números para a safra 2021/2022 foram divulgados em levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), tendo como base o mês de agosto.
A alta reduziu a folga na relação de troca e o produtor vai precisar colher mais para pagar o custo total e o desembolso. Ainda assim, a relação é favorável.
No milho, o cenário é mais positivo na relação de troca porque o preço do grão subiu mais em relação à soja. O custo total de produção em agosto teve aumento nominal de 52,01%, sendo necessárias 60,7 sacas de milho por hectare para cobrir os custos. Mesmo assim, o indicador ainda apresenta queda de 21,95% em relação à safra passada. São 16,69 sacas a menos do que na temporada anterior. Também é a relação mais favorável das últimas quatro safras, desde a temporada 2016/2017.
No caso da soja, o aumento nominal de custo nos últimos 12 meses foi de 48,45%. O dado indica necessidade de colher 35,58 sacas por hectare para cobrir o custo total, aumento de 13,72% ante a safra passada, que foi fora da curva. Como os preços se mantêm aquecidos, o momento é ainda positivo para o setor.
Os fertilizantes foram o que mais puxaram a variação nominal de custo. O item chega a registrar variação de preço superior a 100% na comparação de agosto deste ano com o mesmo mês do ano passado. Além disso, custos com máquinas e combustíveis tiveram aumento na casa de 50% no período.
— Temos um cenário preocupante em um momento de custo muito acentuado, ainda que lastreado em bons preços, o que dá uma certa viabilidade de plantio. Os custos, depois de subirem, dificilmente retornam, então preocupam em relação à sustentabilidade — avaliou Paulo Pires, presidente da Fecoagro-RS.
Em geral, segundo o economista da entidade, Tarcíso Minetto, o produtor está bem organizado e já adquiriu as tecnologias e os insumos ainda no ano passado e no início deste ano, quando a relação de troca era mais favorável. Por isso, os produtores que fizeram compras ainda no primeiro semestre terão mais chance de retorno.