O longo período sem ou com chuva mal distribuída no Rio Grande do Sul cobra o seu preço na cultura de milho da safra de verão em andamento. É cedo para tratar como terra arrasada, mas nas regiões onde o plantio é feito mais cedo, perdas são contabilizadas em relação ao que se esperava colher. Nesses pontos do Estado, a maioria das lavouras está na etapa de desenvolvimento em que a umidade não pode faltar. A ausência dela nessa fase pode trazer perdas irreversíveis.
– O percentual das lavouras que está nesse período mais vulnerável, floração e enchimento de grão, é de 45%. Isso acende a luz amarela. Talvez a chuva (prevista) amenize um pouco. Mas a demanda hídrica está cada vez maior, em função da temperatura, e do estágio de desenvolvimento da cultura – ressalta Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.
Presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti, informa que, no Noroeste, existem relatos de produtores de milho (não irrigado) com perdas que variam entre 20% e até 70%. Há agricultores que inclusive acionaram o seguro agrícola.
— No Noroeste, quando houve chuva, foi mal distribuída, o que é característico dessa época do ano — detalha Meneghetti.
Nas Missões, com locais onde não chove há 40 dias, também aparecem prejuízos.
Rugeri observa que embora haja dificuldade para quantificar os danos, já deixaram de ser individuais, de alguns produtores, e avançam para municípios.
Situação que preocupa em razão do histórico recente, de duas safras seguidas de prejuízos na cultura – em 19/20 de forma mais abrangente, em razão da estiagem, e em 20/21, em razão da falta de chuva no período de final do ano. Isso tornou a oferta ainda mais restrita no RS, que não é autossuficiente na produção.
Apesar da previsão de novas precipitações no horizonte, Meneghetti avalia que o Estado poderá ter novamente perda significativa na safra de milho.
*Colaborou Carolina Pastl