Desafiadas por intempéries e pragas, as atividades agropecuárias têm exigido que o agricultor tenha um desembolso maior para produzir, aponta levantamento divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Iniciativa do projeto Campo Futuro, que conta com a parceria de universidades e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a pesquisa teve a participação de 1.604 pessoas, entre produtores e técnicos, com 24 atividades acompanhadas em 110 municípios de 20 Estados. Há dados fechados do ciclo 2020/2021 e impactos mensais deste ano às atividades.
No Rio Grande do Sul, foram oito atividades (lavouras de arroz, feijão, milho, soja, e trigo, fruticultura e pecuária de corte e leite), em 13 municípios.
De forma geral, o maior peso nas contas veio – e continua vindo – dos insumos. Entre janeiro e setembro deste ano, fertilizantes dobraram de preço, em um contexto que combinou demanda em alta, escassez de produto, aumento dos preços internacionais e problemas logísticos. Outro item que teve aumento expressivo foi o glifosato, (+126,8%). Nesse caso, em razão da interrupção de fabricantes na China e de problemas no fornecimento de matéria-prima.
Em cada cultura ou atividade pesquisada, alguns itens pesaram mais do que em outras. No caso do milho primeira safra (20/21), o controle de pragas adicionou um gasto extra de 25,7% para o controle. Boa parte para enfrentar a cigarrinha do milho, que se intensificou no Rio Grande do Sul no ciclo passado e que volta aparecer no atual – há ocorrência e sintomas iniciais de enfezamento em duas lavouras.
Na safra de soja 2020/2021, o efeito do encarecimento dos fertilizantes apareceu no custo operacional efetivo, que cresceu 17% sobre o ciclo anterior. No trigo, o avanço foi de 23,7% e no arroz, de 34% em iguais comparações. Mas como houve uma valorização dos preços dos grãos, as margens nessas culturas foram positivas.
Como o avanço das despesas se mantém acelerado, o alerta é no que está por vir.
– A safra 2021/2022 já está com o custo realizado. Nos preocupa muito a de 2022/2023, mas não acredito que os fertilizantes se mantenham nesse preço – avaliou Gedeão Pereira, da Farsul, sobre perspectivas da lavoura arrozeira.