O aumento no preço de fertilizantes, com impacto sobre custos de produção, tem sido uma realidade verificada não só no Brasil. No Meio-Oeste americano, na área do chamado Cinturão de Grãos, o cenário também é de alta. Análise do FarmDoc, grupo de extensão do Departamento de Economia Agrícola e do Consumidor da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, aponta que o insumo vem subindo desde o final de 2020.
De setembro para abril, a amônia anidra, por exemplo, subiu 60% em Illinois. Passou de US$ 432 para US$ 691 a tonelada, o que representa diferença de US$ 259. No mesmo período, o fosfato diamônico saltou de US$ 414 para US$ 638 a tonelada, 54% a mais. E o maior patamar desde dezembro de 2011. E o potássio fez movimento semelhante, com valorização de 31%, com a tonelada ficando em 8 de abril em US$ 435. Maior cotação desde setembro de 2015.
Importante fazer a ressalva de que, no caso da amônia, os preços estavam em níveis baixos. As cotações na primavera dos EUA em 2017 e 2020 foram as menores em 10 anos, acrescenta a análise. De forma geral, especialistas apontam que os gastos com fertilizantes pesarão mais no milho, que teve alta de 51% no custo por acre (medida que corresponde a 0,4047 hectare) do que na soja, 44% mais caro.
A comparação é feita tendo como pontos de referência 10 de setembro de 2020 e 8 de abril de 2021. E, de acordo com o histórico, a escalada deve se manter até os valores das commodities começarem a cair.
No caso do produtor brasileiro, entra ainda outro ingrediente que encarece o adubo: a variação cambial. Medida todos os meses pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), a inflação do agronegócio mostra que o índice dos custos de produção teve, no acumulado de 12 meses, um aumento de 20,84%, o maior desde 2010, início da série. Entre os “puxadores” dessa alta estão fertilizantes, combustíveis e câmbio. O que preocupa é o ritmo acelerado da majoração de gastos. Só em março, subiram 6,36%.
Preços recebidos seguem com avanço expressivo, de 83% em 12 meses. O problema é que esses insumos serão usados para a safra a ser colhida em 2022. A ponderação da entidade é de que despesas elevadas podem fazer preços “muito bons” ficarem baixos, levando a renda embora.