As cotações do milho em grão começam 2021 da mesma forma que em boa parte do ano passado: em alta. E, no caso do Rio Grande do Sul, as perspectivas são de um cenário sem espaço para grandes quedas. Primeiro, porque não há efeito ainda da nova safra de verão. Segundo, porque será mais uma vez uma colheita reduzida, como publicou ontem a coluna. E isso amplia o déficit entre produção e consumo.
– A perspectiva é de um cenário em que a queda de preço no período de safra seja menor do que costuma ser. E a oferta no período de entressafra de 2021, ainda mais restrita do que no ano passado – observa Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
No ano passado, quebra de safra, escassez do produto e variação cambial, que elevou os preços no país, foram fatores que impulsionaram a valorização da saca no Rio Grande do Sul (veja ao lado as cotações do porto de Rio Grande). Quadro que por ora se mantém, com o agravante de nova redução na colheita gaúcha. A cotação em Rio Grande começou o ano na casa dos R$ 72, chegou a estar R$85 e, na última sexta-feira, recuou para R$ 83.
Boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)/Esalq pontua que, em muitos pontos acompanhados, os valores médios do milho têm renovado as máximas nominais da série histórica. Em algumas regiões, como no porto de Paranaguá (PR), a média de janeiro já é recorde real. A razão para as altas incluem, segundo pesquisadores, disponibilidade restrita no país, paridade de exportação elevada, o que mantém em alta os embarques, e a demanda interna firme.
Insumo fundamental para a indústria de proteína animal (carne e leite), milho mais caro representa custo de produção maior. Situação que tende a se manter no primeiro semestre, podendo encarecer produtos que dependem do ingrediente.
Não por acaso, as indústrias buscam alternativas. Hoje, em reunião com o governador em exercício, Ernani Polo, da qual deve participar a ministra Tereza Cristina, estará em discussão a proposta de uso de cereais de inverno.