O custo subiu (e vem subindo) também na matemática do trigo que será cultivado neste ano no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, a valorização do cereal faz com que se tenha a melhor relação de troca das últimas sete safras. É o que aponta o primeiro levantamento da safra de inverno divulgado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS).
De um lado da balança estão os gastos 21,7% maiores, puxados por itens como insumos, manutenção de máquinas agrícolas e combustíveis. Para cada hectare cultivado, será necessário desembolsar R$ 3.997,10. Por saca, o custo fica em R$ 66,62 (considerando uma produtividade média de 60 sacas por hectare). No ciclo passado, esses valores eram de R$ 3.282,38 por hectare e R$ 54,71 por saca.
Do outro, estão os preços do trigo. Com o cereal valorizado, que o número de sacas necessárias para equilibrar as contas deve ser menor: 52,96. Em 2020, foram 65,65 sacas.
– O momento é interessante, com a melhor relação de troca (gasto versus receita) desde 2014. Mas poderia ser ainda melhor. É importante o produtor fazer análise de custo, travar preço, buscar a melhor performance – orienta Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro.
A ressalva feita por ele, justifica-se pelos fatores conjunturais que influenciam o atual cenário. É o caso da variação cambial, imprevisível, que pode ajudar a valorizar o produto, mas também leva a um aumento de despesas. Há ainda os efeitos incertos da pandemia. E o frete mais caro que virá como efeito do aumento de combustível.
– Não é um ano de curva normal – resume Minetto.
Os prognósticos, que incluem aumento de 10% de área, com potencial de colheita acima de 3 milhões de toneladas, dependem também do tempo.
– Esperamos não ter problema de clima e que possamos ter uma safra recorde de trigo, o que é muito bom para o produtor e para a economia – observa Paulo Pires, presidente da Fecoagro.